Concursos de DJs, a nova forma de prostituição da classe

Publicado em 16/09/2012 - Por Mohamad Hajar

A prática é velha, mas recentemente está virando praxe de festas de todo porte. Se você abriu seu Facebook hoje antes de ler esta matéria, com certeza você já se deparou com algum DJ mendigando votos em algum concurso aleatório. Alguns ficam dentro do aceitável: pedem em seu próprio perfil, para sua própria timeline. Outros, como de costume, perdem a noção das boas maneiras virtuais e começam aquele spam desagradável: inundam os murais dos amigos, de todos os grupos que participa e, às vezes, até o bate-papo privado com sua lista de contatos. A sensação ao andar pelas ruas virtuais da rede de Zuckerberg é a mesma de andar em uma calçada cheia de cavaletes de políticos: é tanta gente pedindo a mesma coisa, que a vontade é de mandar todos à mesma merda, ao mesmo tempo.

Porém, o grande vilão da história toda nem são os DJs, que muitas vezes estão na ânsia de realizar um sonho, e sim os organizadores. Parem pra pensar como o dono da festa: se eu fizer um concurso de DJs, vários aspirantes à profissão irão participar, em busca do tão sonhado espaço. Se eu definir que o vencedor será o mais votado, dezenas de pessoas irão divulgar meu evento de graça durante dias, e só um deles vai ser “premiado” com a participação no meu line-up, sem direito a cachê, afinal… É um presente, uma chance! Espertinhos, não? 

Vale notar que não sou contra concursos, afinal, uma peneira é a melhor forma de descobrir novos talentos. Porém, o método de avaliação por quantidade de votos além de ser um abuso da boa vontade do DJ, jamais irá selecionar o melhor. Podemos muito bem estar ignorando um grande talento, que fica horas em seu home-studio estudando, produzindo, mixando, para dar espaço a um zé rosca que não faz nada demais, mas tem vários amigos, é bem relacionado, é chato na internet. A maior prova de que número de votos não seleciona o melhor é o Top da DJ Mag, que nesse ano intitula o picareta do David Guetta como “melhor DJ do mundo“. Você, que ganhou um concurso, nada mais é do que o Guetta do seu nicho… Pense nisso!

 

Por isso, o núcleo que quiser fazer um concurso, deve considerar a idéia de ter uma banca avaliadora, em vez de largar a responsabilidade nas mãos do público e sequer ouvir os sets concorrentes. A voz de um pequeno grupo de pessoas não é infalível, claro, mas com certeza saberá selecionar melhor do que uma estatística de popularidade. Com uma banca de respeito, composta por DJs e produtores já consagrados, professores de mixagem e/ou produção e até mesmo críticos da cena, a chance de termos os melhores ganhando espaço é muito maior!

Sendo assim, DJs, não caiam nesta armadilha. Boicotem concursos que só querem você trabalhando como promoter de graça! Exijam respeito, o seu trabalho não vale um punhado de likes na fanpage da festa! E organizadores de festas, se pretendem realmente fazer algo pelos novos talentos, destinem um tempo para avaliá-los. A cena já está cheia de celebridades ocupando stages só por causa da popularidade, não precisamos de mais gente assim.

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