Review – XXXperience 16 Anos

Publicado em 22/11/2012 - Por

 

A XXXperience sem dúvida alguma é uma das festas mais importantes do Brasil, seja pela sua história (recém completada 16 anos este ano) ou por trazer grandes nomes da música eletrônica a São Paulo e reunir tanta gente para curti-los. A festa passou por bons e maus momentos nos últimos anos, sendo a edição de 15 anos uma das piores de sua história, deixando muita gente decepcionado e com um pé atrás com a festa. Porém, parece que a XXX soube aprender com seus erros e dar a volta por cima nesta edição. E, inegavelmente, boa parte desta mudança e sucesso é graças à entrada estratégica da GEO Eventos, empresa responsável pela produção de grandes eventos, como Lollapalooza.

A entrada da GEO foi facilmente notada deste o estacionamento, até dezenas de bares distribuídos ao longo da Maeda, banheiros consideravelmente limpos dentro do possível (são banheiros químicos, não há como fazer milagre dentro de uma festa com 20000 pessoas), boas sinalizações, entre outros pontos a favor do evento.

Porém o mais notável sem dúvida foram os palcos e a qualidade do som. O palco principal (nomeado Love Stage) teve uma estrutura grandiosa e montada cuidadosamente, pensando em realmente fazer parte do espetáculo. Havia até um telão que reproduzia imagens ao vivo do DJ, do público, intercaladas com trabalho de VJs, proporcionando visibilidade para quem estava até no final da pista. Porém em alguns momentos o som não fazia jus ao tanto de caixas disponíveis –  parecia que o som não estava com sua melhor potência.

Em alguns shows como do Sharam, parecia um som de balada, sem aquela potencia, força, aquela batida que arrepia, um som limpo, claro e sedutor. Mas em compensação em shows estratégicos (como Guetta, Armin e Hardwell) parecia que o som ia melhorando. Provavelmente proposital para destacar os headliners.

Em compensação os sons do Union Stage (minimal, house, techno e vertentes) e do Peace Stage (psy e prog principalmente) estavam com uma qualidade impecável. Quem teve oportunidade de ver algum trecho de Dubfire e Seth Troxler no Union Stage, ou Day.Din e Skazi no Peace Stage, por exemplo, sabe do que estamos falando. Potência em cada batida, mas com som limpo, daqueles de dar arrepio e de não conseguir ficar com o pé parado, por mais que não seja fã do estilo ou DJ que está tocando no momento.

Sobre os DJs

Dia 1

O destaque do palco principal deveria ser o Guetta, que com certeza levou muita gente a Maeda apenas para vê-lo, porém o nome que realmente chamou atenção foi Hardwell: carismático, empolgado e mandando um bom set para quem gosta de músicas mais dançantes e até conhecidas. Mas não podemos deixar de contar que Guetta fez um bom show, conseguiu unir quase todo o público da festa, deixando as outras pistas praticamente vazias (é sério). Para quem gosta de seu estilo e hits, sem dúvida valeu a pena assisti-lo.

Apenas achei que os DJs que tocaram no mesmo horário foram bem prejudicados, eram bons nomes com ótimo som, porém com nome que não segurava a responsabilidade de tocar ao mesmo tempo que Guetta. Vale um cuidado com a curadoria para o próximo ano, em colocar nomes de maior peso ao mesmo tempo. Isso ajudará até a desafogar a pista principal, que ficou praticamente impossível de dançar e andar.

Sharam fez um bom show, mas diferente do que toca em vários clubs: bem mais light e acessível ao público que estava esperando para assistir Guetta, que viria em seguida.

Neste mesmo dia, no Peace Stage, Skazi e Paranormal Attack mostraram como psytrance ainda é muito forte no Brasil. Provavelmente foram os momentos de maior público nesta pista, onde todos comemoravam cada hit das antigas de cada DJ.

Dia 2

Apesar de ser um dia mais vazio (diria que estava algo em torno de 60% do público do primeiro dia), houveram ótimos shows, como Armin van Bureen que mostrou mais uma vez ao Brasil, porque é o DJ número 1 do mundo. Sempre carismático, Armin sabe incendiar a pista e colocar cada música cuidadosamente em seu tempo, assim levando facilmente um show por 2 horas – ou até por 5 horas como muitas vezes na Green Valley.

Um destaque revelação do palco principal foi para Sunnery James & Ryan Marciano. Essa dupla holandesa tem muito talento e é apontado por muitos como um dos futuros da música eletrônica da Europa. Um bom show que lembra muito o som do Swedish House Mafia em alguns momentos. A dupla sabe colocar boas músicas dançantes, porém com peso. Porém, ainda podem melhorar e muito seu set, colocando algumas músicas que se encaixam melhor umas com as outras, pois algumas músicas ficavam um pouco deslocadas, mas com o tempo e experiência isso virá naturalmente. Espero vê-los mais vezes no Brasil.

Dubfire aparentemente destruiu a pista. Poucos minutos que tive a oportunidade de assistir, vi que ele deve ter feito um dos melhores shows da tenda. Infelizmente houveram mudanças no horário e só descobri que ele estava tocando no fim do set, uma pena.

Seth Troxler foi um grande destaque da pista Union Stage, com um som melódico voltado para techno e house, segurou a pista por mais de 2 horas, mostrando potencia em seu som., fazendo com que ninguém ficasse parado em seu som extremamente viajante.

Magda (atração muito esperada pelo público) encerrou a pista (e também fechou a festa) neste mesmo palco. Com seu som minimalista, mas com elementos que chamarei de….. estranhos, dramáticos e diferentes, consegue fazer um som perfeito para encerrar uma festa, calmo, mas intenso ao mesmo tempo. Assim Magda manteve muita gente até o último minuto de sua apresentação, que ainda teve um biz.

Já no Peace Stage, destaque para o carisma de Krama. O DJ grego conseguiu montar um dos sets mais animados e diferenciados dentro da linha de prog. Um set pesado, dançante e cheio de energia, muito pela presença de palco do próprio DJ, que muitas vezes lembra a performance de Fabio Fusco. Ao sair do palco o DJ foi muito assediado pela galera, pedindo fotos e batendo papo. Com certeza marcou presença e irá embora com boas lembranças. Element fechou a festa, com um som mais denso no inicio, porém com peso e ao passar do set o som foi ficando mais solto, leve e dançante, assim trazendo mais gente para a pista, para curtir até o último instante antes do encerramento.

Conclusões

A XXX desse ano voltou finalmente a ativa. Porém acredito que ela tenha capacidade e potencial de criar 2 festas separadas. Uma a tão almejada Tomorrowland Brasileira, que a XXX tanto busca nestes últimos meses e outra a tradicional XXX que conhecemos há 15 anos.

Seriam dois empreendimentos separados e esclarecidos para o público. O palco principal foi um reflexo do que a XXX busca, ser um festival de grande porte (que acredito totalmente que haja possibilidade, público e mercado para isso), mas muita gente acabou deixando de ir a XXX para ver o Guetta, pois a mesma ainda é vista como uma rave por eles. Outros deixaram de ir a porque é uma rave/festa e Armin e Guetta fogem dos princípios da festa e fica essa briga eterna entre públicos . Desta forma a criação de duas festas poderia acabar com essa discussão, criar um novo projeto para São Paulo e ainda sim colocar mais dinheiro no bolso dos organizadores, que é totalmente viável, afinal as festas além de diversão são negócios que pagam muitas contas.

A vibe da festa estava incrível: sem brigas, todo o público curtindo muito independente do estilo, seguranças no geral sem problemas e por incrível que pareça, poucas pessoas “caracterizadas”. O clima era mesmo de paz e união entre todos, tudo para curtir a música. Tudo fez a XXX16 ocorrer bem e está mostrando que as festas deste ano melhoraram muito, seja de estrutura, público ou qualquer outra coisa. Que em 2013 seja ainda melhor para nosso mercado em ascensão.

Uma das poucas reclamações é sobre a realocação de horário no palco Union no segundo dia. Carola não pode ir por conta de estar doente, com isso adiantaram shows, realocaram outros e foi decepcionante perder djs que tantos esperavam. Isso seria facilmente concertado colocando algum DJ novamente para substituí-lo, ou esticando o horário de outros antes do que faltou, assim os horários continuariam os mesmos e o público poderia ver tudo como planejado.

Se eu voltaria à XXX depois da nova experiência? Sim, sem dúvida, se a mesma continuar com essa qualidade pós-apocalipse de mudança de data e entrada da GEO, eu daria mais uma oportunidade a eles.

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