Burning Man 2012 começa hoje

Publicado em 27/08/2012 - Por Mohamad Hajar

Hoje em dia, muitos eventos tentam se vender como símbolos da contracultura, defensores da natureza, novos Woodstocks, mas com certeza nenhum consegue cumprir estes objetivos como o Burning Man o faz. Realizado anualmente no deserto da Nevada, nos Estados Unidos, o evento (que não gosta de ser chamado de “festival”) é um verdadeiro oásis dentro do mundo capitalista: por uma semana, cerca de 50 mil pessoas vivem sem leis, sem dinheiro e sem preconceitos.

Apesar da descrição assustar, não trata-se de uma completa anarquia. O espírito de liberade e respeito dos visitantes é quem garante a segurança e a harmonia da cidade temporária que é montada, a chamada Black Rock City. Muitos DJs se apresentam lá (inclusive neste ano os brasileiros do Felguk irão nos representar), mas o line-up é o de menos – tanto que você não irá encontrá-lo no site oficial ou em parte alguma. Para o Burning Man, todos são artistas, e qualquer parte do evento é palco para uma expressão artística.

Quando eu disse no primeiro parágrafo “sem leis, sem dinheiro e sem preconceitos”, eu realmente quis dizer isso! Sem dinheiro, pois lá é proibido a utilização de qualquer tipo de dinheiro (salvo em alguns casos especificos, listados pela organização) – cada um deve levar suas comidas, bebidas e o que mais for precisar, e caso queira algo extra no local, terá que usar a forma mais primitiva de negociação: a troca. Eles chamam de “gifting”, pois na verdade você deve dar presentes às pessoas sem esperar nada em troca, mas você provavelmente será recompensado se o seu presente for bom.

Sem leis, pois é muito comum ver pessoas andando fantasiadas ou até mesmo peladas por lá. Drogas também são facilmente encontradas, e o interessante (e quem foi a outros festivais já sabe como é) é que os “drogados” mal são percebidos, dada à consciência com que utilizam seus aditivos.

Sem preconceitos, pois o respeito existe de verdade: ninguém é discriminado por sua cor, opção sexual, gosto musical, roupas (ou ausência delas), nacionalidade, credo. A Black Rock City é uma cidade de 50 mil pessoas iguais, que buscam a liberdade e a expressão pessoal – e essa é a experiência mais marcante relatada por quem já foi ao evento.

O evento foi idealizado em 1986, por Larry Harvey e Jerry James, que queimaram um boneco gigante em uma praça de San Francisco, para um público de 20 pessoas. Com o passar dos anos, mais pessoais se interessaram pelo ritual, e em 1990 a polícia o proibiu. Daí a mudança para o meio do deserto – que acabou se tornando uma das principais características do Burning Man. Hoje em dia a queima do boneco é o ritual de encerramento do evento, e ele mede 15 metros de altura.

O Burning Man possui diversas outras peculiaridades, como a política de não deixar rastros (em respeito à natureza) e o auto-conhecimento radical. Para um aprofundamento no assunto, sugiro ler o artigo sobre ele na Wikipedia americana, o relato de Marion Strecker, que esteve lá em 2011 e fez um ótimo review para o UOL, e este documentário (em inglês), com 6 minutos de imagens do evento:

Quem sabe, seja um investimento para 2013 mais interessante que o Tomorrowland 😉

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