Deadmau5 usa sua apresentação relâmpago no Ultra para aplicar troll do ano

Publicado em 04/04/2014 - Por Mohamad Hajar

E Joel Zimmerman, popularmente conhecido como deadmau5, continua “causando” no mundo da EDM. As polêmicas fazem parte do seu dia-a-dia, e a última foi roubar a cena do Ultra Music Festival de Miami deste ano. O rato foi chamado às pressas para o line-up, para cobrir a ausência de Avicii, que foi hospitalizado às pressas por problemas em sua vesícula biliar. Para a revolta de alguns, deleite de outros e surpresa de todos, duas músicas do seu set tiveram um tom duvidoso, e é exatamente essa questão de irônico/não irônico que fez com que o fato fosse assunto no mundo todo neste começo de semana.

A primeira delas é a Levels, megahit de Avicii que foi mashupado em Ghosts n' Stuff no set. A princípio, uma bonita homenagem, não é mesmo? Até mesmo Tiesto deu os parabéns a deadmau5.


“O ponto alto do set de deadmau5 no Ultra foi quando ele tocou Levels, de Avicii! #surpreendente”

Pobre e inocente Tiesto. Se tivesse tempo para internet como Zimmerman tem, talvez acompanhasse todo o hate que ele já espalhou contra a track em questão, sem contar o fato de que o clipe da Ghosts n' Stuff e a música em si remeterem um pouco à ausência desenfreada de limites, problemas que já assolaram a vida pessoal de Avicii mas que sua assessoria jura que não tem nada a ver com a recente internação.


“Ei, peraí, deadmau5 estava sendo sarcástico quando tocou Avicii? É realmente triste fazer isso com alguém que está no hospital…”


Ééé Tiesto, você também foi trollado.

A segunda música, na qual ficou mais claro o troll, foi um mash up de Animals, de Martin Garrix, com Old MacDonald Had A Farm, música infantil que com certeza você já ouviu.


“Old MacDonald had a farm, ia ia ô”

A repercussão no geral foi de apoio dos fãs e da imprensa ao suposto troll, que não fora assumido pelo rato. Algum fã (ou o próprio deadmau5, jamais saberemos) criou um bonus track para a história: um abaixo-assinado pedindo para proibir deadmau5 de se apresentar nos EUA. Diante do furor causado pela petição, que possui descrição bem humorada e escrachada, ele não se aguentou.


“Sim, proíbam a mim de tocar Levels e Animals. Proíbam todos que fazem isso também, assim podemos nos livrar desda merda de EDM comercial. Obrigado.”

A REVOLTA CONTRA A EDM

Toda essa revolta parece estar enraízada na decepção de Joel com o mundo da música eletrônica comercial, que tem sido chamado de EDM. Consagrado neste meio, o rato parece estar “de saco cheio” dele, e há cerca de um ano ensaia sua saída. Basta lembrar de alguns momentos do ano passado, como quando declarou que “todos nós apenas apertamos o play”, referindo-se a si próprio e todos os DJs de big room/EDM/eletrônico pop americano/como queira chamar. Em uma publicação-desabafo em seu Tumblr, Joel admitiu o fato de que qualquer pessoa com o mínimo de conhecimento de música e software poderia aprender em uma hora o que ele faz durante seu live concert.

Tal post gerou mimimi de todos os lados. Até mesmo Ean Golden deu seus dois centavos à discussão, mas o momento mais interessante foi quando Afrojack tentou justificar sua falta de criatividade fazendo uma analogia com comida.





Em resumo, Afrojack disse que 99% das pessoas não sabem a diferença entre música trabalhada e música genérica, e que por mais que alguns gostem de pagar por um restaurante caro, às vezes elas querem um Big Mac ou um Whopper. A resposta de deadmau5, contundente: “ok, bem, coma McDonald's ou Burger King por três semanas seguidas. Pois é isso que parece estar sendo socado goela abaixo ultimamente. E se você assume que 99% das pessoas não sabem o que é melhor… Então? Ensine-os. Desafie seus ouvintes. O caso é que 100% das pessoas esperam por coisas novas, sons em constante evolução e composições, novos gêneros, originalidade. Foda-se seu McDonald's”.

E e se a EDM e o set pré-mixado não servem mais, o que fará Joel Zimmerman?

INCURSÃO AO TECHNO

Enquanto joga merda no ventilador da música comercial, o rato está fazendo novos amigos – no submundo, eu diria. Como começou a amizade não sabemos, mas tornou-se pública no SXSW 2013.

Sim, Richie Hawtin, um dos mais conceituados produtores da história do techno – talvez o mais ativo nos dias atuais, tocou um back-to-back com deadmau5. E eles tocaram techno, dos bons! O fato não ficou isolado: menos de um ano mais tarde, Joel criou o nome testpilot, e começou a lançar techno pelo conceituadíssimo selo Plus 8 usando-o. Sua paixão pela linha soturna e hipnótica do conterrâneo que o apadrinhou parece estar forte, já que para ele, o ponto alto do set no Ultra foi o momento em que tocou techno.

NOVOS VISUAIS

Se o lado musical está sendo artísticamente saciado pelo techno, a angústia por ter sua criatividade amarrada a um show visual syncado parece estar sendo resolvida com uma mega reformulação do Cube, seu palco psicodélico. Pouco foi revelado sobre ele, pois ainda está em fase de desenvolvimento, mas alguns testes de campo já mostraram que teremos robôs gigantes e visuais controlados pelo próprio Zimmerman – talvez uma decisão para poder tocar o que quiser e decidir na hora o visual também?

Bem, diante disso tudo, resta a questão: ele está certo em agir dessa forma? Será mesmo que todos os artistas devem seguir a retidão imposta pelos barões da cena? Ou será que não é mesmo um porra-louca com espírito de rockstar, sem freios e papas na língua, que essa cena precisa para sair da mesmice e voltar a evoluir?

Independente do que todos pensem sobre o assunto, deadmau5 parece não se importar. Com um álbum de 25 faixas pronto pra sair, o canadense parece estar vivendo a vida dos sonhos, só compondo, tocando e trollando. Aguardamos as cenas dos próximos episódios!

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