Entrevista: Eat Static

Publicado em 03/02/2015 - Por Marina Tavares

Marina – Quando foi o seu primeiro contato com a música eletrônica?

Eat Static – Provavelmente, a primeira e mais estranha música veio através da primeira escola que estudei, em 1972… Eles mostraram aqueles programas diários educacionais, que usualmente caracterizavam alienígenas, ou sempre tinham alguma música robótica no fundo… Isso foi antes de eu começar a comprar música… Eu lembro o som louco dos sintetizadores do Eno, que me viciou… O início da Roxy Music, os dois primeiros álbuns… E eu descobri o Kraftwerk por volta daquela época também… Eu comprei o álbum ‘The Man Machine’ no dia que foi lançado… 

 

Marina – Como foi o início da sua carreira?

Eat Static – Eu comecei uma banda punk na segunda escola que estudei… Nós costumávamos ensaiar na sala de música, na hora do intervalo, e criamos uma audiência de crianças, porque tocávamos o cover da música ‘Pretty Vacant’, do Sex Pistols…

Eu tive um longo aprendizado trabalhando em clubes, bares, tocando em bandas covers… Eu tocava guitarra, então, o próximo passo foi aprender acordes e estruturas de todos os clássicos do rock, de vinte anos atrás…

 

Marina – Como você criou o projeto Eat Static?

Eat Static – O projeto veio das cinzas de uma banda gótica psicodélica, chamada Wooden Baby… Eu entrei para a banda Ozric Tentacles como baterista, e foi quando conheci Joie… Nós começamos a fazer músicas bobas juntos, nos momentos de folga da banda… Apenas melodias loucas analógicas, com ênfase no humor… Nós dois tinhamos um amor intenso por ufologia, e também por velhos filmes de Ficção Científica, então, isso veio naturalmente, em nossas sessões bizarras de estúdio…

Marina – Quem foram as suas influências?

Eat Static – Musicalmente, nós tivemos muitas influências diferentes, porque Joie cresceu em um período diferente, ele era um pouco mais velho… As minhas influências foram da música eletrônica dos anos 80, como: Gary Numan, Kraftwerk, e Depeche Mode; enquanto ele ouvia: Gong, Todd Rundgren, entre outros… Nós dois amávamos uma banda chamada CAN, que nos influenciou muito, particularmente, no jeito de fazer música… A forma livre, os inexplicáveis pontos de edição, a mistura das estranhas ondas da estação de rádio do Holger Czuckay… Nós amávamos isso!

 

Marina – Por que você escolheu o Psychedelic Trance?

Eat Static – Nós não escolhemos… Quando começamos, em 1989, tudo era Acid House… Nós crescemos cansados da cena, que começou a se dividir em múltiplos gêneros… Eram doze vinis dominando, quando Joie e eu queríamos apenas fazer algo próprio, tocando álbuns ou jornadas. Nós nunca iamos ser uma banda de clubes… Embora, nós tocássemos em muitos dos que agora são lendários, como o RAGE at Heaven, onde tocamos ao lado de Fabio & Grooverider muitas vezes… Então, nós fomos em frente, e foi quando veio o álbum Abduction… Os primeiros sons eletrônicos já haviam tocado fora, em lugares como Goa, em 1989/90, então, eu acho que isso influenciou, mais tarde, o modo de fazer Psychedelic Goa Trance… Nós estávamos mixando vocais indianos e arábicos, com analógicos e baterias… Nós já tínhamos feito dois álbuns na época que o termo Psychedelic Trance estava sendo usado… Nós nunca ligamos se encaixamos de algum modo… Nós gostávamos do que fazíamos, e isso deu boas razões para o público… Eu nunca pensei que ainda estaria fazendo isso em 2015!

Marina – Quais são os seus três álbuns favoritos de todos os tempos?

Eat Static – Está é uma pergunta difícil! Eu tenho vários favoritos, então, eu acho melhor responder: Se você tivesse que levar apenas três cds para uma ilha deserta, quais seriam?

Machine Gun Etiquette – The Damned

Tago Mago – Can

Telekon – Gary Numan

 

Marina – De onde você tira inspiração para criar novas músicas?

Eat Static – Vida! Pessoas! Viagens! O Universo!

Eu começo todas as tracks que faço de uma forma completamente nova… Sem sintetizadores de outras tracks, uma bateria diferente, eu ainda amo esse sentimento de ‘Eu posso fazer qualquer coisa… Ir em qualquer lugar com essa track…”

 

Lost in Time #1 – Eat Static chill out show for Radiozora by Eat Static on Mixcloud

 

Marina – Como você define a sua música?

Eat Static – Eu não poderia, mesmo que tentasse! E eu gosto desse jeito!

Pesquise sobre: Mutante, alienígena, psy, espacial, fragmento…

Marina – Onde foi a apresentação que mais te marcou?

Eat Static – Provavelmente Glastonbury 2013, fazendo um set com Steve Hillage como ‘System Static’… Isso foi marcante para mim, porque eu amo o trabalho dele desde o começo… E me senti como se estivesse completando um ciclo…

Também na Holanda, em 1995, quando toquei para 50.000 pessoas, em uma celebração de 50 anos do fim da guerra… Eu toquei após Dutch Philharmonic Orchestra, Boyzone, e Cheb Mami… Eu esperava que todos fossem embora quando comecei, mas eles foram à loucura!

E quando eu toquei na festa do aniversário de 100 anos do Albert Hoffman!

 

Marina – Existe algum lugar que você nunca tenha tocado e queira muito?

Eat Static – Eu ainda não toquei no Brasil!!! (risos)

Eu irei tocar no Hilltop Festival, em Goa, na próxima semana, o que será um grande sonho realizado!

 

Marina – Já aconteceram situações engraçadas enquanto você estava tocando?

Eat Static – Ver Joie assistindo a copa do mundo em uma tv pequena durante uma turnê… Eu também vi ele fazer xixi em uma garrafa de Lucozade, durante um longo set, em algum lugar…

 

Marina – O que você é apaixonado na vida, além da música?

Eat Static – Comida!!! Recentemente, estou fazendo como os homens da caverna, e comecei a caçar o que eu como… Eu amo esse sentimento e todo o processo… Caçar, então cozinhar… Nada adicionado, nenhuma química, nada… E fresco… Ingredientes frescos são tão bons… Eu também amo viajar, graças ao meu trabalho, normalmente estou em lugares diferentes por alguns dias, conhecendo pessoas e culturas… Isso é o que faz a minha vida divertida e completa…

Eu também estou curtindo o Sintetizador Modular… Que, em termos básicos, é construir o seu próprio sintetizador, de várias partes diferentes, normalmente contruídas por estranhos do mundo! Muitas pequenas companhias eletrônicas estão lançando analógicos novamente, e isso é exitante… Eu poderia dizer que é um pequeno vício…

 

Marina – Quais são os seus hobbies quando você não está produzindo ou viajando?

Eat Static – Eu não tenho tempo para hobbies… O meu hobbie é o trabalho… Talvez aprender tiro com arco seja o próximo… Um nobre e antigo esporte que sempre tive interesse… Eu também estou procurando por uma moto… (risos)

Marina – Quais são as novidades em relação à lançamentos? Um novo álbum?

Eat Static – Um novo álbum está pronto! Um cd duplo, um mais dançante… Bem… Eu não sei como você chamaria isso! Muito estranho, mutante, alienígena, experimental, downtempo, música para a mente… Talvez…

 

Marina – Alguma mensagem final para os seus fãs?

Eat Static – Eu não posso acreditar que ainda não tenho uma mensagem após 26 anos… Eu espero que vocês me perdoem pelo que estão prester a receber!

 

Conheça mais sobre o artista:

http://www.eatstatic.co.uk/

https://www.facebook.com/eatstatic

https://soundcloud.com/eat-static

http://www.mixcloud.com/eat-static/

 

Interview in English here:

https://www.dropbox.com/s/pyyfc6pfabkjvsg/Eat%20Static.rtf?dl=0

 

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