Foto: Carlos Motta Fotográfo
Marina Tavares – Quando foi o seu primeiro contato com a música eletrônica e como isso se tornou algo a mais em sua vida?
Pj Yugar – Saudações Marina, primeiramente muito obrigado por me conceder esta entrevista. O primeiro contato foi superficial, em 2003, em Fortaleza. Era a época do hard techno/ acid techno, e através de amigos, eu acabei conhecendo as festas de música eletrônica, raves, privates, e afins. Eram eventos mais Undergrounds que hoje em dia, e acabei gostando do bate-estaca. Entretanto, o Psychedelic Trance foi imergindo na cidade, ali no cantinho, sem incomodar ninguém, e acabou chamando atenção de muitos, inclusive a minha. Durante essa transição, eu acabei me aventurando com vários amigos no Universo Parallelo #8, e as coisas desandaram, principalmente com o Progressive Trance.
Marina Tavares – Como foi o início da sua carreira?
Pj Yugar – Foi exatamente após o UP #8. Eu sempre achei legal e curioso, os meus amigos discotecando em festas. Após o festival, eu fiz um curso com um amigo chamado Lucas SD, e então as coisas foram fluindo, mas sempre na linha do Progressive Trance, algo que era raro na época. Eu toquei em várias pistas “alternativas”, abrindo ou fechando o evento, até que o estilo começou a ganhar espaço e… Até demais! (risos)
Marina Tavares – Como surgiu o projeto Pj Yugar?
Pj Yugar – O meu nome é Pedro Javier Yugar, e desdo o colégio fui chamado de Pj, então a única coisa que fiz foi juntar o sobrenome. (risos) No momento é um dj set feito com carinho, tentando algumas coisas experimentais no Traktor, produzindo as minhas introduções. Também faço um dj set muito “eu” no Chill Out. Eu sempre tive vontade de fazer um live, fiz um mini-curso, e até comecei algumas músicas, mas não é a hora, pois tenho outras prioridades.
No momento, eu assino a gravadora internacional Ovnimoon Records, e felizmente, tenho tocado em alguns grandes festivais, mas não levo como um trabalho, e sim como um hobbie, que flui e me faz bem.
Marina Tavares – Quem foram as suas influências?
Pj Yugar – Uma progressiva variedade de influências, dos antigos Ace Ventura, Liquid Soul, Perfect Strange, Etic, Earsugar, Ovnimoon, aos atuais Lyctum, E-Clip, Sonic Entity, Vetical Mode, Relativ, entre outros… O problema é que existe muita variação, o próprio artista tenta buscar o seu “eu musical”, como notoriamente o Perfect Stranger, que saiu do Progressive Trance, e encontrou o seu lugar no Techno, e parece que ficou em um limbo, mas na verdade, ele encontrou o próprio estilo. Alguns começaram a produzir Off Beat, ou mudaram a linha e perderam o meu interesse, assim como constantemente aparecem novos e bons artistas.
Existem também outras influências… Ultimamente, eu estou ouvindo mais Goa Trance, e sempre tento tocar nos sets tracks de Progressive que tenham um pouco de Goa e Progressive Dark, uma ou outra track acaba entrando bem nos sets.
Marina Tavares – Quais são os seus três álbuns favoritos de todos os tempos?
Pj Yugar – Se for para falar do álbum completo… De todos os tempos… hummm… Tudo bem, mas não existe uma ordem. Eu fico na dúvida entre Protoculture – Refractions (2002) e Circadians (2006). Na época, para mim era o único Full On Morning que era bom, e o cd era bem completo, até com tracks de Chill Out que toco até hoje, quem viu o live no Universo Paralello #8 sabe do que estou falando, entretanto acabou por aí.
Shadow FX – Direct Influence, eu escutei esse cd repetidamente no carro por um bom tempo, e foi um dos grandes nomes do #UP 9. Eu fico feliz que ele tenha voltado.
Lyctum – Tales From The Universe foi um álbum que elevancou o artista por um produção única, psicodélica, e algo que estava faltando para o Progressive Psychedelic Trance, o qual estava ficando na mesmice. O cara é uma máquina de produzir, e tem muito talento, muitas músicas que já tive o privilégio de escutar do novo álbum dele chamado Human, um cd duplo que será outro marco na sua história.
Somente mais um? Ovnimoon – Magnetic Portal & o novo álbum Holistic. Eu toquei duas tracks do álbum novo, no Soulvision Festival. Talvez ele seja um dos poucos artistas que não se deixaram influenciar pelo Main Stream, com produções muito psicodélicas e transcendentais.
Marina Tavares – Como foi tocar no Soulvision Festival 2015?
Pj Yugar – Foi genial! Eu fui privilegiado, a pista do Chill Out era linda, com muita gente curtindo. Fazer parte do gigantesco line up do palco principal foi demais! Apesar de ter chovido na hora da minha apresentação no Main Floor, eu toquei com muito entusiasmo ao ver os resistentes na linha de frente. Para mim, sem puxar saco, foi um dos melhores festivais que já fui. Produção, organização, line, conforto, tudo foi muito bom!
Marina Tavares – Se você pudesse escolher qualquer lugar no mundo para tocar, onde seria?
Pj Yugar – Gostaria de voltar a tocar no Vale Sagrado dos Incas… Eu toquei em um festival bem roots chamado Pachamama Antu Festival, e foi muito freak. Pessoas do mundo inteiro, reunidas no meio do vale sagrado por Cuzco – Peru, animal!. E claro não poderia deixar de falar no Universo Paralello, Boom e Ozora.
Marina Tavares – Já aconteceu alguma situação engraçado enquanto você estava tocando?
Pj Yugar – Eu fiquei muito feliz em ver o meu pai orgulhoso, subindo no palco no momento que estava tocando em um evento que produzo chamado Ziohm. Entretanto, ele tinha bebido algumas, e não queria sair de lá, então se tornou uma situação engraçada.
Marina Tavares – O que você é apaixonado na vida, além da música?
Pj Yugar – Eu venho me apaixonando cada vez mais pela medicina. Eu sou médico, e tenho deixado um pouco de lado o trance e algumas apresentações pelo meu trabalho, e agora mais do que nunca, por causa das provas de residência. É um retorno diferente, não pela parte financeira, mas sim pessoal. O paciente confia em você, e muitos tem pouco para dar em troca, a não ser a gratidão, uma gratidão sincera. Poder dar conforto, aliviar e curar é realizador, apesar de ser um trabalho cansativo, pulando de plantão em plantão.
Marina Tavares – Gostaria de deixar uma mensagem para os seus fãs?
Pj Yugar – Se tiver algum fã por aí, gostaria de deixar uma mensagem: valorizem a sua cena local, os djs, as produtoras sérias e profissionais. Se puderem comprem o ingresso, você estará ajudando a sua própria casa. Façam mais críticas construtivas e menos reclamações.
E cuidem do seu corpo, a cada festa que passa, eu vejo mais gente perdendo o evento por exagerar na dose, ou deixar de se hidratar. Aproveitem ao máximo com o mínimo!
Conheça mais sobre o artista:
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Fotos:
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