Entrevista: PSYBERPUNK

Publicado em 15/11/2015 - Por Marina Tavares

Foto: Aleka Photography

Marina Tavares – Quando foi o seu primeiro contato com a música eletrônica?  

PSYBERPUNK – O meu primeiro contato foi no final dos anos 80, com a cena Metal Industrial, com bandas como Ministry, Revolting Cocks…

Também com Sheep on Drugs, Pitch Shifter, Peace Love & Pitbull…  

No final dos anos 80, Franz do The Young Gods me mostrou como gravar uma amostra. Isso mudou radicalmente a minha visão de como escrever música. Em 1990, eu descobri Orbital e a sua imensa explosão… Então, em 1992, Nick do Senser me deu uma demo da track do Eat Static chamada “Prepare Your Spirit… Naquele momento, eu definitivamente larguei a minha guitarra e passei todo o meu tempo trabalhando em amostras e baterias.

No mesmo ano, por sorte eu achei a música britânica “spiral tribe”. Ao mesmo tempo, eu estava ouvindo muitas bandas como Transglobal Underground, Loop Guru, Meat Beat Manifesto…

Eu estava tentando mixar aquela coisa da pista de dança (hipnótica mas muito vazia, musicalmente falando) com a coisa industrial (interessante para o lado musical, mas não o bastante para a pista de dança).

Finalmente em 93, eu estava em Barcelona numa festa underground, e ouvi o DJ Fred Tassy, ele estava tocando algo totalmente diferente… Era exatamente a música que eu estava procurando! Então no final do set, nos falamos e ele me deu uma cópia dessa coisa não lançada chamada “Juno Reactor”. Esse foi o ponto que não tinha mais volta.

Desde então, eu não pude mais sair da cena psicodélica, simplesmente por causa da mutação e exploração sônica que evoluem constantemente. 

 

Marina Tavares – Quem foram as suas influências?

PSYBERPUNK – Com exceção das influências eletrônicas, os seguintes artistas tiveram muita influência (cronologicamente): Motorhead, Bérurier Noir, Discharge, Exploited, Slayer, Sepultura, DRI, Carnivore, King Krimson, Bad Brains, Bob Marley, Suicidal Tendencies, Dr. Know, Fishbone, Neurosis, Carcass, PRIMUS, 24-7 Spies, Soundgarden, Revolting Cocks, Ministry, Fear Factory, GodFlesh, Dead Can Dance, Prong, White Zombie, Senser, Meshuggah, VAS…  E também muitos artistas étnicos do Alfeganistão, Índia, Oriente Médio…

 

Marina Tavares – Como foi o início da sua carreira?

PSYBERPUNK – No meio dos anos 80, eu tocava um pouco de metal e punk, em bandas de rock psicodélico… Então de 1994 até 2004, eu trabalhei 12 horas por dia, e 7 dias por semana, para a cena psicodélica (no início em produção musical, depois em um show de rádio, construindo decoração, promovendo festas). Finalmente em 2004, eu tive que largar o meu emprego regular, mas ainda passei a maioria do meu tempo livre explorando músicas.

 

Marina Tavares – Como você criou o projeto Psyberpunk?

PSYBERPUNK – Nós começamos em 1994, como uma banda eletrônica com St. Paul (DJ do Cyberpunk) e Scoof (Genetic Dysfunction), e mixamos nossas três diferentes experiências musicais. Isso foi um projeto totalmente improvisado, sem computador no palco; tudo foi seqüenciado ao vivo.

A maioria dos sets tinham por volta de seis ou sete horas de duração. Realmente psicodélico (algumas vezes, infelizmente, realmente caótico (risos), porque se não vinha inspiração, não tinhamos um computador para tocar em nosso lugar (risos)… Ops… hora do chaos). Definitivamente foi a minha melhor experiência no palco até hoje. Mas nós tivemos que parar, porque era muito caro para os promoters toda essa imensa bagagem (três estúdios completos). Também muitas de nossas máquinas estavam parando de funcionar durante o transporte, e nós não tínhamos dinheiro para comprar novas…

Então, por volta de 97, Scoof foi para Índia trabalhar como engenheiro de som, e Paul voltou para o seu primeiro amor: acid music. Eu continuei com o projeto com outros amigos que já estavam na banda… E comecei a passar mais tempo na decoração com Sam, Moon…

 

Marina Tavares – De onde você tira inspiração para criar novas músicas?

PSYBERPUNK – A grande maioria das vezes nas montanhas e natureza onde eu vivo… Mas também da decadência da morte da nossa civilização. 

Marina Tavares – Como você define a sua música?

PSYBERPUNK – Música dançante psicodélica para adultos.

 

Marina Tavares – Onde foi a apresentação que mais te marcou?

PSYBERPUNK – Ops… Uma questão realmente difícil… Tenho milhares de ótimas lembranças em festas… Como a festa after, depois do Solpise 2001, nas Cataratas de Vitória, em Zâmbia. Exodus na Austrália foi uma realmente psicodélica também… Marrocos em 2001 foi realmente mágico!

Em 2000, Kho Phangan foi realmente mágico! Agora tem muitos turistas e isso matou o sentimento familiar. Normalmente, as minhas melhores experiências são com uma pequena família em uma festa nas montanhas.

 

Marina Tavares – Como foi tocar no Samsara Festival?

PSYBERPUNK – Foi uma grande diversão! A localização foi simplesmente perfeita! Quando saímos do aeroporto e pegamos a estrada, eu estava esperando uma pista de dança quente e empoeirada, mas foi uma surpresa: foi uma temperatura perfeita, toda aquela sombra das lindas árvores, mais o spray de água, e também eu conheci tantas pessoas legais durante o festival.

Foto: Aleka Photography

Marina Tavares – O que você acha da cena eletrônica brasileira?

PSYBERPUNK – Eu amo Whiptongue e Axial Tilt! Música realmente groovy e inteligente!

Eu também comecei uma música com o Igor da banda Sepultura há alguns anos… Eu amei o poder e groovy que eles trouxeram para o metal.

Soulfly também explodiu no começo dos anos 80… Eu ouvia muito uma banda chamada Ratos de Porão… O Brasil tem muita música boa e underground!

 

Marina Tavares – Existe algum lugar que você nunca tenha se apresentado e realmente queira tocar?

PSYBERPUNK – Para ser honesto, na verdade não!

Eu amo tanto a natureza e as montanhas daqui, que é sempre difícil para mim dizer sim para uma apresentação, e deixar a minha casa. 

 

Marina Tavares – Quais são as novidades em relação aos lançamentos e turnês?

PSYBERPUNK – Eu tomei a decisão de parar as turnês por um tempo, porque me tornei velho, e viajar gasta muito da minha energia, que preciso manter para o estúdio e criar novos sons… 

Então, até o novo álbum ficar pronto, eu irei aceitar no máximo uma apresentação por mês. 

 

Marina Tavares – Gostaria de finalizar com uma mensagem para os seus fãs?

PSYBERPUNK – Escapem das cidades! E salvem a Amazônia!

Interview in English here: 

https://www.dropbox.com/s/6co58krmub5ccou/PSYBERPUNK.rtf?dl=0

 

Conheça mais sobre o artista:

http://www.psyberpunk.ch/

https://www.facebook.com/psyberpunk

https://soundcloud.com/psyberpunk-1

https://www.youtube.com/user/PsyberpunkBrousse

 

Fotos:

Aleka Photography

https://www.facebook.com/AlekaFotografia

 

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