Que a cena está prostituída, isso não é novidade. O PorraDJ tá aí há mais de 2 anos nos esfregando na cara vergonhosas apresentações de ex-BBBs, atores globais, modelos e afins como “DJs”. Porém, ainda dá pra considerar a cena “salva”, pois esse tipo de booking geralmente acontece em clubs aonde o foco não é a música – casas com ingresso caro nas quais o público vai só para ostentar seu status quo, pedir champagne com fogos de artifício e torrar uma grana violenta, indiferente ao som que está tocando. Porém a coisa fica feia quando é um club tido como sério e melhor do Brasil que booka um pseudo-DJ.
Sim, estamos falando do Green Valley – eleito segundo melhor club do mundo pela DJ Mag em 2011 (e consequentemente o melhor do Brasil, tendo em vista que o primeiro mundial é o Space Ibiza). O superclub catarinense já enfrentou um mar de críticas por ter sido o responsável pelo lançamento da carreira de Jesus Luz em 2010: a segunda gig do brinquedinho da Madonna foi lá, recebendo um cachê de dezenas de milhares de reais e causando a ira no DJ Tocadisco, profissional de verdade que cedeu parte do seu horário no line-up para o modeléte.
Pois bem, a poeira baixou e o Gren Valley voltou para os eixos que o consagraram como um club respeitado. Continuou trazendo gente grande (e de verdade), como Axwell, David Guetta, Armin van Buuren, Trentemoller, Booka Shade, Sander van Doorn, o próprio Tocadisco, entre muitos outros. Tudo parece lindo novamente, até que o Grupo GV resolve dar outro tiro no próprio pé: dia 9 de junho, ao lado de Arno Cost, teremos a apresentação do DJ Mosey, nome artístico de Pierre Sarkozy. Pois é, este sobrenome não é uma mera coincidência, estamos mesmo falando do filho de Nicolas Sarkozy, ex-presidente da França.
Europa se afundando em crise, e Nicolas tem que torrar 40 mil euros pra buscar o playboyzinho de avião militar.
Antes de sair atirando sem saber, fomos pesquisar. Afinal, vai que o cara é tipo um André Marques, que apesar de ser celebridade, toca de verdade? Mas não, ele é mais um Jesus Luz internacionalizado. Musicalmente falando, seu único feito notável foi emplacar o jingle de uma campanha publicitária na França. Como DJ, só tocou em casas como as que citei no começo do post, e seus videos no YouTube colecionam dislikes e críticas pesadas do povo francês. Na vida pessoal, já causou polêmica em seu país por viajar a lazer para o Brasil (vejá só que lindo) usando os seguranças oficiais de estado e dinheiro público, para alegria da oposição a Sarkozy (que inclusive foi eleita e assumiu o país semana passada). O mais revoltante dessa viagem é que nessa passagem por aqui o sr. Mosey fechou duas gigs, no Confraria Club e no Mynt Lounge, por módicos 30 mil euros. Pela cotação da época isso era mais de 75 mil reais!
Abram no YouTube e vejam quantos votos negativos. Depois peguem os comentários e traduzam no Google. Triste.
Pois é, não sabemos quanto o Green Valley está pagando no Charlie Harper francês, mas se era pra colocar um segundo headliner no dia 9 de junho, será que não valeria a pena valorizar alguém que toque de verdade? Não precisa ser calouro não, mas tem tanto DJ sério precisando de visibilidade. O GV se orgulha de ser o 2º melhor club do mundo, mas para esse título ter valor ele não pode pisar na bola assim! O mundo da música eletrônica só tem a perder com esse tipo de coisa, e quem está no topo e é referência para o resto do país não deveria jamais fazer uma coisa dessas!
Uma pena. Uma pena mesmo, GV.