Nenhuma lei pode impedir pessoas que querem se drogar

Publicado em 13/04/2010 - Por

Sei que o assunto “drogas e música eletrônica” é tão velho quanto a própria musica eletrônica, mas este artigo traz algumas idéias que podem ajudar a ampliar um pouco o foco do debate.

Não sou eu que estou dizendo isso, e sim uma colunista do Times, um dos jornais mais lidos em todo o mundo. Sei que o assunto “drogas e música eletrônica” é tão velho quanto a própria musica eletrônica, mas este artigo traz algumas idéias que podem ajudar a ampliar um pouco o foco do debate. Segundo a autora do artigo, Melaine Reid, existem pesquisas indicando que ao menos 2 terços dos clubbers britâncios consomem cocaína, ecstasy e anfetamina com frequência, especialmente nos fins de semana. Ainda, 98% dos jovens que frequentam os clubs britânicos já experimentaram algum tipo de droga em algum momento de suas vidas. Se ainda assim estes mesmos jovens são capazes de continuar suas vidas  normalmente, frequentando faculdade e trabalhando, podemos concluir que sair no fim de semana com os amigos para ouvir música, “tomar uma bala”, dançar e se dirvertir está mais para uma característica de nossa cultura urbana do que para uma “praga” ou “doença social” como insistem em afirmar alguns setores da sociedade. Melaine ainda afirma (e eu concordo 100% com ela) que não importa quantas leis ou barreiras se imponham contra as drogas, as pessoas que querem usar continuarão usando pelo simples fato de que elas gostam disso. Mesmo o cidadão exemplar, vez ou outra terá vontade de estravazar em uma sexta-feira ou sábado de loucura após um longo período de trabalho estressante. Entre as saídas possíveis para lidar com esse quadro, a colunista cita a divulgação de informações corretas e até mesmo a venda controlada de pequenas doses em baladas. A autora ainda cita uma pesquisa do farmacologista americano Ronald Siegel, que classifica o desejo por experiências alucinógenas como o quarto instinto mais forte do ser humano, perdendo apenas para as necessidades de se alimentar, dormir e fazer sexo. Outro conceito trazido pela colunista é o da “Proibição Perversa”. Esse conceito explica que, quando um governo consegue barrar com sucesso a oferta de uma droga (ecstasy, por exemplo) o público que consumia aquela substância procurará outras opções equivalentes. Se necessário, eles inventarão outra droga similar ou, ainda, uma mais perigosa. A solução? Melaine aponta 2 caminhos cada vez mais aceitos por pesquisadores de diversas áreas:

  • Informação: explique à sociedade os reais perigos de cada tipo de droga, e não da maneira caricata como os governos costumam fazer.  Jovens não são burros como se pensa e, mostrar uma droga como o “bicho-papão” só fará com que se tenha mais vontade de experimentá-la. Dê a informação correta às pessoas (nem mais, nem menos) e elas saberão decidir o que é melhor para elas;
  • Venda de drogas em ambientes controlados: como apontou a pesquisa citada no início desse texto, o consumo já acontece em larga escala, com a conivência de boates, polícia e sociedade em geral. Então, por que não permitir o consumo moderado e fiscalizado dessas substâncias em um ambiente adequado ao seu consumo? Este modelo já foi aplicado com sucesso nos famosos coffee shops holandeses, que vendem quantidades limitadas de maconha para consumo exclusivo no recinto. O mesmo poderia ser aplicado para outras drogas recreativas em baladas.

Não importa se você concorda comigo, com os argumentos do artigo do Times ou com as pesquisas citadas. Como bem afirmou Melaine, não cabe mais ficar discutindo se devemos liberar ou proibir todas as drogas.  É preciso levar a discussão para um patamar mais profundo e realista pois, independente da conclusão a que se chegue, as pessoas continuarão consumindo drogas, como tem feito a humanidade nos últimos 5 mil anos. Vide o exemplo dos jovens ingleses. – Confira o artigo original aqui. Vi primeiro no Rraurl

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