Taylor Camp: O refúgio hippie dos anos 60

Publicado em 28/03/2016 - Por Camila Canabarro

A semelhança entre os festivais de cultura alternativa do século XXI e a cultura hippie dos anos 60 não é mera coincidência, afinal ela foi uma das principais influências da cena Psy Trance. Em 1969, jovens dos EUA saiam de suas universidades e vidas tradicionais em busca de uma maior conexão com a natureza e em busca de conhecimento interior. Na região de Kaunai, no Havaí, onde o próximo asfalto ficava a quilômetros de distância, num local onde o uso de roupas era opcional, não havia regras e o respeito era essencial. E foi assim que surgiu uma das maiores e mais expressivas comunidades hippies do mundo: o Taylor Camp.

Na praia e sem as preocupações que teriam na cidade grande esses jovens construíam barracas precárias que deram início ao sonho da comunidade livre. “Nós estávamos envolvidos no movimento anti-guerra e [a Universidade de] Berkeley estava prestes a explodir. Era pegar suas armas ou sair“, conta Sandra Schaub que, junto a seu marido Victor, foram alguns dos primeiros integrantes do grupo.

Pouco tempo após se instalarem na região, foram todos presos, adultos e crianças, acusados de vadiagem. E é justamente aí que a história fica interessante: quem se dispôs a pagar a fiança para libertar o grupo de hippies foi ninguém menos que Howard Taylor, irmão da atriz Elizabeth Taylor, que era dono de um grande terreno próximo a Kauai. O grupo foi convidado por Taylor a habitar parte de sua área sem que fosse preciso pagar qualquer tipo de aluguel.

Esse era um dos locais mais paradisíacos do Havaí. Cercado por mata selvagem e águas cristalinas, era sem luxo nenhum e até mesmo sem eletricidade que esse povo sobrevivia. Com a sua própria horta e caça, a comunidade batizada de Taylor Camp recorria a ajuda do governo raramente. As crianças iam à escola normalmente e ganhavam carona do ônibus escolar da região.

As roupas eram itens opcionais e andar pelado pela vila era mais que normal. “Nós estávamos pelados. Todo mundo pensa pelado com uma conotação lasciva. […] Mas quando você vive pelado e vê garotas peladas todos os dias, elas se tornam suas irmãs. Não há segundos interesses. […] Eu nunca soube de nenhuma orgia, e se eu soubesse, estaria lá. Sabe o que eu quero dizer? Não que eu fosse tímido em relação a essas coisas. Certo? Não rolava nada. Eram basicamente casais. Relacionamentos“, afirma Rosey Rosenthal, atual radialista da ESPN e ex-moradora do Camp Taylor.

Em pouco tempo, Taylor Camp atraiu cerca de 120 moradores, entre hippies, curiosos e veteranos de guerra, ocupando um espaço de 7 acres. O uso de drogas alucinógenas era frequente, mas segundo participantes, tinha uma finalidade puramente espiritual. “Para mim, ácido era uma ferramenta, era um acordar espiritual usado com foco e propósito. Não era somente ‘Vamos festejar, traga o ácido!‘”, conta Teri Green, que morou em Taylor Camp junto a sua irmã, Debby.

O sonho de Taylor Camp durou por oito anos como uma comunidade funcional, pacífica e livre. No final dos anos 70, contudo, o Havaí se tornava um dos principais interesses da indústria do turismo e não demorou muito até que o terreno de Howard Taylor fosse comprado pela União e transformado em parque.

 

via Hypeness

[products limit="8" orderby="rand" order="rand"]