Diário do Boom Festival 2018: Dia Cinco

Publicado em 30/07/2018 - Por

27 de Julho – DIA CINCO

 

Não é só sobre unicórnios cor-de-rosa

Os seres humanos vêm se engajando em celebrações por tempos imemoriais – mas sempre houve um braço repressivo de nossa sociedade que tenta sufocar certos modos de vida. A antropóloga italiana Chiara Baldini falou sobre isso em termos muito mais sofisticados na Liminal Village quando fez sua apresentação: “Ativistas dionisíacos antigos: Estados alterados e engajamento social na Alvorada da Cultura Ocidental”.

Ela falou sobre o modo como a humanidade esteve envolvida em formas de dança através dos tempos e sobre rituais antigos, suas origens e como até então existia uma cultura patriarcal repressiva de valores conservadores. Então, que lições podem ser tiradas quando nos deparamos hoje com esses sistemas?

“A lição para mim é que a vida vai em ciclos e saber que o que aconteceu, acontecerá novamente. A lição é ver que há dois lados de uma história. Então, quando acontece um ritual como o Boom – também precisamos estar cientes da opinião polar mantida pela parcela da população que diz: “Isso é loucura, perigoso; isso vai ficar fora de controle.

A ideia é estar ciente de ambos os lados da história e não apenas ficar preso em nossa versão da realidade, onde pensamos que é apenas sobre unicórnios cor-de-rosa. É claro que também é sobre nossa conexão com o divino, mas também existe o outro lado.

Então, quando as pessoas tentam reprimir, podemos entender de onde elas vêm. Nós sabemos profundamente o que eles significam. E em vez de lutar, nos engajamos em um diálogo reconhecendo o que eles dizem. Nós mostramos a eles que estamos cientes disso. Isso nos impede de projetar nossas sombras umas sobre as outras. Desta forma, nós possuímos o aspecto sombrio do que fazemos – de forma consciente e responsável”.

Boom Festival

Onde a mágica acontece

A arte impressa no chão perto do palco Chill Out parecia uma réplica do Dance Temple, mas foi criada por um boomer antes do festival.

“Eu não sabia que o palco principal seria assim. Mas agora o festival me inspirou a continuar fazendo trabalhos ainda melhores no futuro”

Ele acrescentou:

“Vivemos em um mundo capitalista onde tudo é movido pelo dinheiro. Então, espero que minha arte possa ajudar as pessoas a visualizar um tipo diferente de mundo, a sonhar e visualizar sua própria realidade – uma colorida na qual eles vão querer viver. E para se tornar uma criança novamente, e pensar sobre o universo e a vida, porque essa é a coisa mais preciosa que existe. A imaginação é a chave.”

Boom Festival

A estréia de Astrix no Boom

Astrix tocou talvez o set mais movimentado e extasiante do Dance Temple enquanto os boomers dançavam ao som de músicas perfeitamente produzidas como ‘Deep Jungle Walk’ e seus remixes de ‘DMT’ de Shpongle e ‘Bungee Jump’ (com o Captain Hook). Com certeza um dos caras mais legais da cena, seu sorriso ressoou em torno da pista lotada e a vibe estava melhor o que nunca. Mixagem perfeita a seleção de faixas impecável.

Falando com ele depois de seu set, ele era tão realista e humilde como sempre, apesar do pacote de fãs entusiasmados esperando por ele do lado de fora da área do backstage. Nós só tivemos tempo para uma conversa rápida antes que ele fosse dar a eles toda a sua atenção, onde ele mencionou como estava nervoso em fazer sua estréia no Boom e como se tornar um pai mudou completamente a sua vida – já que agora ele não pode passar a notie inteira produzindo, pois precisa acordar cedo para cumprir as obrigações de ser pai.

Só podemos esperar que este seja apenas o começo de sua jornada Boom.

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A Manifestação Perfeita de Perfect Stranger

Pouquíssimos artistas poderiam assumir pista depois de Astrix e não apenas manter o público, mas levar as coisas para um outro nível. Perfect Stranger apresentou outro set épico e mantece o público colado na frente do palco. Quando tocou uma de suas principais tracks, “Manifestation“, pensamos que o teto do templo poderia simplesmente voar para longe. Ele entregou pista para Atmos, que por sua vez trouxe uma outra atmosfera bem diferente. Logo em seguida a música parou e os boomers se dispersaram para se jogarem no lago, se reidratarem e se prepararem para as comemorações da noite.

Quando a tribo do Psy encontra o jazz da Etiópia

Você consegue imaginar uma pista de dança do tamanho de um campo de futebol cheia de amantes do Psy Trance cantando ao som do Jazz da Etiópia?

Foi exatamente o que aconteceu na noite de quinta-feira, quando o lendário pioneiro do Ethio Jazz, Mulatu Astatke, de 80 anos, tocou no Dance Temple. Mulatu e sua banda tocaram mais do que o planejado depois que os boomers não paravam de chama-los de volta par ao palco para continuar mais um pouco com o show.

Alguns diriam que foi um movimento arriscado – mas a resposta de puro amor e apreciação dos boomers foi a prova de que funcionou. E foi a prova de que a pegada psicodélica de um som é encontrado não apenas em um estilo, mas em uma gama diversificada de paisagens sonoras.

Tivemos a honra de falar com Mulatu logo após o show. Ele disse:

“Isso foi realmente fantástico. Os boomers são um grande público. É a primeira vez que eu venho a um festival como este e foi uma bela experiência – a música realmente me surpreendeu.

Obrigado novamente aos organizadores e ao público que nos deu uma ótima resposta e o apoio para jogar. A Ethio Jazz está forte há 50 anos e é inspirada pelo povo Bush da África – eles são minhas influências, eles são meus heróis.

Assim, a partir da minha experiência de vida e música, minha mensagem para os Boomers é: lembre-se de música, amor e paz. E lembre-se de sempre ser você mesmo.”

Boom Festival

Invasão australiana

O domínio da Zenon Records continuou com Ryanosaurous e seu set incrível 11h30. Seu Prog Dark trouxe muito contraste com o Jazz etíope de Mulato, mas fez a ponte para os sons mais sombrios de Meerkut e Confo. Não achávamos que Ryan poderia superar seu set no Alchemy Stag em 2016, mas ele certamente conseguiu.

Alquimia Eclética

Há apenas uma expressão para o Alchemy Stage: malucamente imprevisível. De uma hora para outra, a música foi do trap e break para o techno psidodélico e house. Sem dúvida o visual alucinante e o video mapping inovador dos italianos do Delta Process também mantinham os boomers colados ao palco. Resumindo, não queríamos sair nunca.

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Traduzido do original no site do Boom.

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