Fabio Leal e seu estilo singular

Publicado em 21/06/2016 - Por Camila Canabarro

Admiramos pessoas que vivem pela música e que com esforço conseguem manter autenticidade, e Fabio Leal sem dúvida é uma dessas pessoas. Graças ao seu estilo diversificado e realmente original, ele foi o primeiro brasileiro a ser convidado para fazer parte do time da Zenon Records, uma das maiores gravadoras de PsyTrance do mundo.  

Recentemente Fabio esteve fazendo uma turnê pela Austrália. Ao comprar a cena de lá com a nossa, ele encontrou muitas semelhanças entre o público, a ponto de afirmar que, pelo menos em relação ao trance, podemos considerar os australianos como nossos “irmãos distantes”. Já em questão de line-up pode-se dizer que eles estão à nossa frente, já que que muitos excelentes nomes que ainda estão no underground por aqui lá são vistos como headliners de grandes eventos.

Atualmente Fabio está iniciando uma tour na Europa e se preparando para a tão aguardada apresentação no Boom Festival. Hoje o artista faz parte da DM7 Bookings e ajuda a manter o seu cating ainda mais estrelado ao lado de importantes DJs e produtores nacionais e internacionais.

 

 

Confira a entrevista:

 

Lemos na sua bio que você costuma usar um setup elaborado e está sempre com material fresco em seus sets. Fale um pouco sobre o setup que você costuma utilizar em suas apresentações e sobre seu processo criativo.

Eu toco de uma maneira um pouco diferente do comum aqui no Brasil, pois uso dois programas ao mesmo tempo (Traktor e Ableton) e uma combinação de midi controllers (Ableton Push, Allen &Heath K1, Faderfox PC4) que me fornece acesso a maioria dos comandos que preciso durante a execução do set; dessa maneira não preciso ficar mexendo no computador para tudo.

Meu processo criativo é baseado na criação de uma experiência diferente p/ quem tá ouvindo, busco “customizar” as músicas que toco, colocando minha assinatura sônica nelas, através da mixagem de algumas peças de bateria, de basslines novos, loops de percussão e até mesmo sessões especificas de synths de outra track – na hora sinto a energia da pista e improviso bastante usando essa técnica, que é bem adaptável e me permite intensificar os níveis energéticos da apresentação, assim como sutilizá-los.

 

Sabemos que a Zenon Records é uma importante gravadora de psy trance e você foi o primeiro brasileiro a fazer parte dela. Você acha que esse reconhecimento se deve a combinação do seu processo criativo aliado a conhecimento técnico?

Eu acredito que sim, porque o convite para entrar no cast só veio após o Tim Larner aka Sensient, que é o chefe da gravadora, me ouviu tocando pessoalmente. Na época eu tocava com cdjs, mas já possuía um estilo de mixagem e apresentação peculiar, então consegui chamar a atenção dele. Eu fiquei bem feliz pelo convite ter rolado assim, senti que ele me chamou pela minha competência como profissional mesmo.

 

Hoje você faz parte do casting da DM7 Bookings, agência que demonstra uma relação bem familiar com seus artistas. Como é trabalhar com uma das principais agências do país?

É muito bom, aliás, desde quando entrei já percebi um clima muito bacana, é uma sensação parecida com a Zenon – senti como sendo uma família mesmo. Sempre fui muito bem tratado, tanto pelo lado profissional, como pessoal. Além de colegas de profissão rola uma amizade bem bonita entre todo mundo, quando vamos tocar juntos nos gigs é risada e diversão garantida. Importante notar também que o tratamento é o mesmo para todos, independente se é estrangeiro ou nacional.

 

Existe um grande público que admira o seu trabalho na cena Curitibana. Apesar de ter tocado inúmeras vezes na capital, quando tem uma nova apresentação na cidade ainda da um frio na barriga?

O meu frio na barriga na verdade se manifesta como ansiedade, meu coração fica super agitado e só acalma depois da primeira mixagem… e isso acontece em todos os gigs ainda, pois me comprometo a fazer meu melhor set em todas as apresentações. Como a maneira que toco é bem dependente do que faço ao vivo, meu desempenho ainda é 100% relativo ao meu esforço ali na hora, então cada set é algo completamente único para aquela situação, que não será ouvido de novo em outra pista.

O público de Curitiba sempre foi muito receptivo com a Zenon e com meus sets, é uma galera que está aberta para ouvir e sedenta por novidade, eu particularmente amo tocar em pistas como a da Progressive, onde tenho grande liberdade artística e posso seguir na direção musical que mais gosto, sem filtros.

 

Existe algum DJ paranaense que você tem observado nos últimos tempos?

Existe sim, meu amigo e parceiro de agência, o Marco aka Element. Ele também usa um setup digital bem legal e, como toca um estilo diferente de prog, eu gosto de ver a técnica que ele aplica durante o set. Eu gosto de observar bons Djs tocando, é uma ótima fonte de inspiração.

 

Li que você acabou de voltar de uma tour na Austrália. Como foi é a experiência de tocar fora do Brasil? Existe alguma diferença entre a cena brasileira e a gringa?

Com certeza! Na verdade a cena Australiana tem diferenças, mas também tem muitas coisas parecidas com a brasileira. Foi um tour de 50 dias, toquei em diversos eventos e consegui ter uma experiência completa, o que me deu um bom panorama de como as cosias funcionam por lá.

Eu posso dizer que os Australianos, pelo menos no trance, são nossos irmãos de terras distantes. A gentileza, bondade, honestidade e camaradagem do povo de lá me lembraram muito as pessoas que admiro aqui no Brasil. Eles são muito felizes e adoram festejar, aliás, eles são profissionais em festejar. Nunca vi um público tão colorido, fantasiado, animado e bem informado, como são os australianos. A natureza deles também é exuberante e cada open air e festival que toquei me lembravam do Brasil e de suas belas locações naturais também.

Já os line-ups lá são mais avançados artísticamente que maioria dos line-ups aqui (salvo algumas exceções), onde no mesmo festival podia se conferir nomes de muito conceito, que aqui no Brasil seriam considerados “underground”, mas lá são tratados como main headliners. A diversidade nos estilos de música eletrônica também é muito bem contemplada, principalmente na parte de bass music, a pista e variedade de linhas específicas que eles exploram bomba demais… o público ama, é muito legal ver como eles dançam inclusive, é contagiante.

 

Para encerrar vamos falar um pouco sobre o futuro. O que vem por aí?

Tenho um tour na Europa que começa agora em junho, onde vou realizar um sonho, que é tocar no Boom Festival. Também toco no Freqs of Nature, Lost Theory, Waldfrieden Wonderland e algumas open air e clubs. Gosto muito de visitar o velho continente todo ano, é onde reúno muitas energias e influências, para trazer de volta e colocar em prática no Brasil. Falando em colocar em prática, outra coisa bem importante para mim é a Cluster, o evento que realizo em SP de techno e progressive; tenho planos muito interessantes para o segundo semestre e vou começar a divulgar em breve, é algo que estou planejando com muito carinho.

 

Para saber mais:

 

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