Marco Element fala sobre o mercado de Psytrance e a sintonia com o público

Publicado em 09/06/2016 - Por Psicodelia.org

Além de atuar como DJ em 2 projetos paralelos, ele também atua como empresário e transformou sua agência em uma das maiores referências para o mercado de Psytrance no Brasil. Mas isso não é tudo: ele também realiza a Progressive em Curitiba e está preparando o Adhana, um grande festival com duração de 5 dias que acontecerá no final do ano em Santa Catarina

Marco Lisa a.k.a. Element bateu um papo com nossa equipe e falou como é o trabalho DM7 Bookings, além das novidades sobre sua carreira e demais projetos. 

Música de qualidade e amplo repertório 

Atuando sozinho como DJ no projeto Element, ele se mostra um excelente pesquisador e, aliado a sua experiência de pista acaba sempre mostrando algo inesperado ao público. Há alguns meses Marco lançou o projeto React em parceria com Rinkadink e VJ Picles. O objetivo é levar outras sensações através da apresentação que envolve som, luz e vídeo. É com esse novo projeto que o trio pretende expandir pela Europa a partir de agosto ainda deste ano.

Progressive + Adhana 

Em uma época que Curitiba carecia de festas de Psytrance, Marco lançou a Progressive, festa que começou pequena e hoje se mantém estável devido ao compromisso de se realizar eventos sempre bem estruturados e marcados por grandes artistas da cena nacional e internacional. 

O mesmo conceito serve de base para trabalhar na realização do seu mais novo evento. Em um momento em que o Sul do país sente a necessidade de um festival de cultura alternativa durante o ano novo, ele lançou o Adhana, um festival que, a julgar pela estrutura e line up, tem tudo para ser um dos maiores e melhores eventos do ano no Brasil. 

 

 

CONFIRA E ENTREVISTA COMPLETA

 

Muita gente não sabe exatamente o que faz uma agência e qual a sua importância. Você pode contar como é o trabalho da DM7?

Acho que podemos diferenciar aqui em dois tipos de agências atuando no mercado… A grande maioria são agências de bookings, ou seja, ela simplesmente faz o processo de execução intermediando o contratante e a apresentação do artista. Do outro lado, estão as agências que cuidam efetivamente da carreira num todo, dando suporte que ele precisa para desenvolver e evoluir seu trabalho, e obviamente, gerenciando o calendário de apresentações do artista.

Assim como o Diogo começou a tocar e a trabalhar com bookings desde muito jovem, eu já fazia esse gerenciamento da minha própria carreira sozinho e embora ambos havíamos conseguido hesito em nossas carreiras até então, tínhamos a visão em comum que era exatamente esse tipo de orientação e contato próximo que faltava não só para artistas internacionais, mas principalmente para os brasileiros.

Graças a Deus e a muito trabalho as coisas tomaram proporções rapidamente e ao mesmo passo que nos tornamos referências no que fazemos, temos consciência da responsabilidade que isso traz e estamos buscando cada dia profissionalizar e contribuir para que todos desfrutem de uma cena melhor a cada dia que passa.

Vocês devem receber muitas demos e ver muitos DJs iniciantes buscando espaço na cena. Como é o processo para escolha dos artistas que fazem parte do casting da DM7?

A primeira coisa que o candidato tem que botar em mente é que o papel da agência não é encher o calendário dele. Isso quem vai fazer é ele mesmo através do seu trabalho. Com todas as ferramentas que o mercado possibilita hoje em dia, é interessante que o candidato olhe para o seu trabalho e analise se ele está sendo reconhecido pelo próprio público, pois no final das contas, eles são os atores principais dessa história e não a agência. Esse meio é tão complexo que seria impossível realizar um teste de seleção envolvendo somente técnica e repertório.

Atrás disso tudo existe um ser humano, que muitas vezes tem tudo isso, mas não tem os outros itens necessários para que se torne um artista completo, pronto a encarar os desafios profissionais do mercado. Além de estar antenado sobre tudo que acontece no mundo como DJ, nós rodamos o Brasil de fora a fora diariamente e estamos em contato com 99.99% dos produtores de eventos relacionados. Muitas vezes vemos artistas potenciais e apostamos, outros vamos acompanhando para que o artista consiga amadurecer um pouco antes, mas na grande maioria dos casos o próprio público é quem faz essa peneira antes de chegar na agência.

 

O atual momento econômico do país interfere muito no dia a dia da agência? O que mudou nos últimos tempos em relação a contratação dos artistas por parte das festas?

O mercado brasileiro tem passado por um momento de crise e mudanças mais do que drásticas não só no ramo do entretenimento, aonde tivemos um aumento de mais de 30% nos custos desde abril/2015.

Como 60% do mercado brasileiro são jovens entre 18 e 24 anos, inevitavelmente todos são afetados, já que boa parte desses dependem dos pais ou tem sua renda comprometida com estudos e afins. Isso acabou afetando de forma muito incisiva o mercado que além de ter uma concorrência muito forte entre os eventos, muitos deles trabalham o seu evento baseado principalmente nas atrações.

Olhando para o lado bom da situação, isso abriu espaço para que outros brasileiros mostrem o seu trabalho, ignorados até então ou considerados como simples complementos em grande parte dos eventos. O lado ruim é que o promoter em meio a crise, tem ainda mais receio de perder. Assim, em 99% dos casos, ele já chega com sua ideia sólida de nomes e com pouca abertura para novas experiências, dificultando a entrada de novas atrações nesse ciclo vicioso.

Esse ano tem sido difícil não só no Brasil mas no mundo todo. Mas ainda sim o saldo tem sido extremamente positivo e acreditamos que ano que vem será ainda melhor.

 

Vamos falar um pouco sobre seus projetos artísticos. Além do Element que já está bem consolidado no Brasil, recentemente você lançou o React em parceria com o RinkaDink. Quais os principais desafios ao manter dois projetos paralelos? 

Desde o ano passado decidi tomar outra direção com meu nome, não só dedicando boa parte do meu tempo a DM7, aos nossos eventos e principalmente aos novos garotos que estão trabalhando conosco, mas principalmente procurando algo novo daquilo que já estava dando certo para o Element.

Graças a Deus tive o privilégio de em tão pouco tempo tocar em praticamente todos os grandes palcos do Brasil, mesmo antes da DM7 ter seu nascimento. Hoje a nossa família cresceu, bem como o time de profissionais trabalhando conosco (MELHOR DO MUNDO! <3), aonde me sobra um pouco mais de tempo para voltar a focar em mim mesmo. Eu e o Rinka já havíamos feito algumas apresentações sozinhos e a sintonia foi muito bacana, pois temos técnicas individuais completamente diferentes e ao mesmo tempo complementares.

Decidimos então avançar nesse projeto, e criar uma apresentação que envolvesse sensações além da música. Entretanto, o ideal sempre foi criar algo que interagisse ao vivo e em sincronia perfeita envolvendo música e vídeo. Foi então que depois de meses de pesquisa, com a ajuda do talentoso VJ Picles conseguimos adaptar o conceito e não só fazer as primeiras apresentações aqui no país, bem como já estamos trabalhando firme para apresentar o show completo envolvendo ambiente, luz, som e vídeo. A dedicação máxima dos próximos meses é não só evoluir esse projeto, bem como aperfeiçoar ainda mais os treinos com o setup novo que estou utilizando para chegar afiado e fazer bonito nas minhas apresentações na Europa em agosto.

 

Com o Element você se mostrou um excelente “garimpeiro” de tracks, sempre levando músicas pouco conhecidas para o público. Conte-nos um pouco como funciona o seu processo de pesquisa.

O tempo vai passando e você vai amadurecendo não só o seu gosto musical, mas principalmente a técnica. Isso faz com que você comece ouvir as tracks de um jeito diferente, imaginando não só como ela poderia agregar ao set, mas como poderia colocar um algo a mais com o sampleador ou até mesmo outra track. Hoje em dia muita coisa mudou e a vida me deu o presente de poder sentar lado a lado com meus antigos ídolos e hoje amigos de profissão.

Então não só recebo toneladas de tracks para ouvir, como também dou minha contribuição sobre o que está e o que não está funcionando durante o momento em que estão em processo de criação, aonde todo mundo sai ganhando no final.

 

Além da DM7 e dos dois projetos como DJ, você também organiza a Progressive em Curitiba. A festa começou pequena e com o tempo os DJs e o público acabaram formando laços resultando em uma relação bem familiar.  Como você enxerga o crescimento dessa festa? Você pretende expandir ainda mais a Progressive para outras cidades do Brasil?

A Progressive sempre foi a nossa menina dos olhos. Sou de São Paulo e moro em Curitiba a muitos anos. Aqui dediquei boa parte da minha vida e iniciação como DJ. Me lembro muito bem que nas primeiras edições, suávamos a camisa para poder conseguir pagar não só os DJs, mas estabelecer uma identidade verdadeira para nossa festa, mesmo que tivesse que derrubar qualquer tabu criado por outros eventos da cidade ou mal hábito do público.

O tempo foi passando e recebi ajuda e o abraço de todos os envolvidos na cena trance em Curitiba (VOCÊS SÃO FODA!), até que veio a DM7 na nossa vida e começamos implantar todos os conceitos que realmente acreditamos e que gostaríamos de usufruir como público. Sempre expomos e conversamos bastante com todos e isso criou um laço afetivo de família que acaba refletindo principalmente na pista. A idéia da expansão da Progressive pelo país existe para o ano que vem, aonde estamos fechando parcerias com alguns promoters pelo país.

Nos próximos meses a gente conta mais para vocês.

 

Para este final de ano você também está preparando o Adhana, que a julgar pelo local e lineup tem tudo para ser um dos melhores festivais do ano. O que chamou mais atenção foi o cuidado com a diversidade de estilos que o evento trará, resgatando a pluralidade que está na essência da música eletrônica. Qual a importância dessa mistura de tribos em festivais?

Em poucas palavras posso dizer que o Adhana é reflexo de todos esses anos de trabalho, convivência e aprendizado, crescendo na pista como meros expectadores, chegando ao palco como artistas, passando ao backstage como agência e chegando a produção de eventos com experiência e vontade imensa de retribuir tudo que a gente conquistou graças a vocês durante esses anos.

A ideia de um festival estava sendo amadurecida por um bom tempo já com a Progressive em Curitiba… foi quando decidimos que era hora de dar um passo a mais e criar algo já com âmbito nacional, aplicando e aperfeiçoando exatamente o mesmo conceito que utilizamos na Progressive e com base na convivência de todos esses anos em festas e festivais de música ao redor da nossa vida. Embora o trance seja o ator principal no Adhana, queremos que as pessoas venham com o coração aberto a novas experiências não só musicais, mas de convivências também. Todos os itens do festival estão sendo preparados pensando em fazer algo além do que as pessoas encontram nos festivais de trance propriamente ditos.

Estamos apostando em todos os estilos não só dentro do trance no palco principal, como o Techno, ChillOut, Dub, Bas, World Music e muitas outras coisas que a galera vai poder ouvir no palco Tribos. Não importa se o cidadão gosta de progressivo, dark trance, techno ou trap… Estamos preparando um ambiente diferente e uma escala de horários a dedo para agradar e oferecer opções distintas as mais diversas tribos no festival, sem deixar de pensar em agradar todos os envolvidos.

Além disso, podem esperar muita cor, luzes, tecnologia, segurança, conforto, MUITA COMIDA BOA!!!! e principalmente esse clima familiar e alegre que a galera do sul oferece.

 

A cena de Psy trance brasileira cresceu muito, com isso novos DJs, festivais e outros núcleos não param de surgir. Na sua opinião, no que a cena ainda precisa melhorar?

Difícil responder essa pergunta com precisão pois envolve várias variáveis de um sistema aonde ninguém tem controle absoluto do que pode ou não acontecer e que depende de muita gente para que tenhamos um desfecho tão preciso. Mas acho que poderíamos começar com um pouco mais de educação, respeito e valorização não só dos artistas nacionais, mas principalmente do público.

É ótimo ter uma nova safra de jovens sedentos por música crescendo com força no país, entretanto é muito importante que os artistas façam seu papel além do marketing e que os promoters tomem a frente e façam seu papel além do lucro. Oferecendo um produto de qualidade, segurança e higiene para o público e abrindo portas não só para os artistas da moda que muitas vezes agradam a maioria em massa, mas também os artistas que carregam o conceito do estilo a sua frente, importante para manutenção desse jovem ativo na cena por vários e vários anos e colaborando para que todos tenhamos uma cena sólida em constante evolução.

 

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