Projeto brasileiro KULTRA lança seu primeiro CD

Publicado em 25/04/2011 - Por Eliel Cezar

 

A quem falta o brilho das ideias próprias, resta citar as dos outros: “O artista deve querer e poder representar tudo”, já dizia o alemão Novalis, que nessa curta afirmação define, ao mesmo tempo, qual é a motivação e a habilidade daquele que pretende se dizer “fazedor de Arte”.

Dentre as artes, ocupa-se nosso site daquela que busca justamente querer e poder representar tudo, mas através do mínimo. O que é a música eletrônica, senão a representação sonora da realidade e da imaginação – que não raro se confundem – através dos elementos mais fundamentais do ritmo,  da harmonia e da melodia?

Talvez essa ideia esteja por trás daquilo que todos nós, amantes da música eletrônica, já lemos, ouvimos ou falamos alguma vez: “a nossa música diz tudo sem dizer nada”. Mas isso é uma meia-verdade. Nem sempre nossa música diz tudo. Para que o faça, deve ser feita pelo verdadeiro artista – e é aí que diferenciamos a música que é Arte, que diz tudo, daquela que é só um tunch-tunch, que não diz nada.

Em qual dessas categorias – Arte ou bate-estaca – está “Fímbria”, o primeiro CD do projeto brasileiro de techno Kultra? Basta ouvi-lo uma vez, e fica fácil chegar a um veredito.

As 8 tracks que compõem o disco, embora tenham individualidades bem definidas, estão ligadas por um fio conceitual que as transforma em irmãs: as melodias elaboradas, cuidadosamente concebidas; a atmosfera quente e hipnótica; as linhas de baixo por vezes envolventes, por vezes rasgadas e massacrantes. Enfim, é puro techno. E é puro techno porque é fiel àquela ideia lançada lá nos anos 80 por Juan Atkins, Derrick May e Kevin Saunderson: com uma estética robótica, representa os mais humanos sentimentos. Serve para o ritual coletivo da pista de dança; serve para uma reflexão individual no nosso íntimo.

Como não perceber uma profunda melancolia, desesperança, e até desespero, nas faixas “Inserção” e “Illuminati”?

Inserção by Kultra

Illuminati by Kultra

Ou tensão construída a partir dos 2min em “Tempestade Elétrica”?

Tempestade Elétrica by Kultra

E não fica claro que os delicados synths de “Saudade” gritam, bem, “saudade!” 😀

Saudade by Kultra

Até mesmo “Quidam”, um tech-house engraçado, abobalhado, divertido, com uma linha de baixo de arrebentar qualquer pista, que foge da estrutura das demais tracks, faz parte da unidade desse CD. Afinal, todo drama tem sempre uma pitada de humor!

Quidam by Kultra

Se a música eletrônica inspira sentimentos, se ela é um contraponto a melodias descartáveis e recicladas que chovem aos montes nos lançamentos atuais, então ela tem alma; se tem alma, é humana; se é humana, é Arte.  O conjunto formado em “Fímbria” é exatamente isto: Arte. Assim mesmo, com “A” maiúsculo.

Mas enfim, a música é uma Arte para ser ouvida, não lida. Então, saia desse review e conheça um pouco mais do Kultra. Ouça por você mesmo que Tharik e Mohajar, os titulares do projeto, quiseram e puderam representar tudo.

Se Novalis fosse um clubber, ficaria satisfeito.

Quer conferir o som do Kultra ao vivo? Então dê uma passada hoje, dia 20, na festa de lançamento do CD Fímbria, que vai rolar em Palmeira-PR, no Stone Bar. Clique aqui para maiores informações.

O CD, lançado pelo label Metropolis Project,  já está à venda no Juno Download, Itunes e em breve no Beatport.

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