XXXPerience 13 anos: fotos e review

Publicado em 19/11/2009 - Por Eliel Cezar

 

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O Psicodelia esteve novamente presente no último sábado na Fazenda Maeda, em Itu, para conferir a última – e maior – festa eletrônica do ano. E talvez a mais polêmica. O público de cerca de 25 mil pessoas e de dezenas de guarda-chuvas Oakley pôde ver de tudo: grandes apresentações e performances decepcionantes; espaços bacanas e decorações longe do esperado; forte calor e intensa chuva. Confira a seguir nossa avaliação sobre cada um dos pontos da festa:

Decoração

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A decoração foi sem dúvida o grande destaque… com alguns pontos positivos e vários NEGATIVOS. Para começar, o Castelo dos Sonhos, embora de longa distância chamasse a atenção, de perto – e principalmente à luz do dia – ficou aquém do se esperava, tendo em vista a bela imagem do site principal. As estruturas básicas do palco principal ficavam bem evidentes. As placas que formavam o castelo, monocromáticas, planas e finas, pouco impressionavam. A cascatas prometidas, que mudariam de cor durante as apresentações, nada mais eram do que buracos de 4 por 4 metros abertos em cada uma das laterais com água corrente na parte de cima. E, infelizmente, não se pode ver a divulgada mudança de cores. A Árvore da Prosperidade, tenda propagandeada como “gigantesca”, era insuficiente em tamanho e ineficiente na contenção da chuva que deu as caras no inicio da manhã em Itu. Além de ter um tamanho absolutamente desproporcional ao tamanho do Main Stage, ela era vazada. Dessa forma, nos momentos de chuva, não havia qualquer proteção. Quem não conseguia se abrigar de maneira adequada sob a Árvore teve que procurar outras tendas ou arrumar um cantinho na superlotada praça de alimentação. O Portal das Luzes, onde rolaram as apresentações de Minimal/Techno, foi o que mais se aproximou do que foi prometido. O painel de leds no teto criou um verdadeiro efeito de club, principalmente na parte da noite, e a cobertura foi suficiente para abrigar os fãs do low bpm da chuva. Na porção esquerda do complexo, o Jardim das Energias, grande novidade dessa XXX, com apresentações de Electro, Maximal e Breakbeat, chamou a atenção pela escassa decoração. Tratava-se basicamente de uma tenda, um palco e caixas de som. Enfim, uma palavra positiva pode ser dita a respeito do telão do palco principal: enorme, inteiriço, com uma excelente definição e sem nenhuma falha. A isso se pode aliar o belo trabalho dos VJ's, com imagens e vídeos belíssimos e variados, o que garantiu o grande ponto forte da decoração.

Som

Embora muitas pessoas tenham reclamado do volume das caixas, em todas as tendas o som pareceu à nossa equipe bastante intenso, com destaque para o sistema do Jardim das Energias, que segurou bem os potentes graves de apresentações como as de Database e Felguk. O grande ponto de interrogação ficou com a primeira metade do live do Paranormal Attack. Os bumbos e demais elementos de bateria tinham pouquíssima intensidade. Contudo, isso provavelmente se deve mais ao acerto de som da banda do que a alguma eventual falha no som, que estava tinindo na apresentação anterior, de Cosmonet vs Audio-X.

Pista/Limpeza

Desde as melhorias realizadas para a edição de aniversario de 2008, houve alguma avaria ao gramado da Maeda. Contudo, nada que comprometesse a mobilidade dos presentes. Mesmo com a chuva, não se formaram grandes focos de lama. Ponto positivo. A limpeza é um caso a parte. Na parte da manhã, a quantidade de lixo espalhado impressionava! Garrafas, latas, papéis e bitucas de cigarro competindo com malas e gente por espaço. A causa? Embora houvesse constante trabalho da equipe de limpeza no recolhimento dos residuos, as latas de lixo se concentravam basicamente sob a reduzida Arvore da Prosperidade. Contudo, se há um grande responsável pelo lixo é, infelizmente, o público. A absoluta falta de consciência de boa parte do presentes, que não se furtavam a atirar suas garrafas e latas ao chão foi o grande responsável pelo lamentável estado da fazenda no fim da festa. O mais triste é o fato desse tipo de atitude ir na contra-mão justamente do espírito de consciência ecológica pregado pela produção da festa. O mesmo pode ser dito em relação aos banheiros. Mesmo se podendo questionar a constância com que as “casinhas” eram limpas, bastavam dois ou três bárbaros sem muita visão espacial para arrasar os sanitários, não importa o quão limpos ou sujos estivessem antes.

Segurança/Revista

A revista na entrada seguiu o rigor caracteristico das festas de São Paulo, com revista de tênis e mochilas. Contudo, em nenhum momento houve desrespeito por parte dos seguranças e expressões como “boa noite”, “com licença” e “tenha uma boa festa” estavam na ponta da língua dos profissionais. Há alguns relatos de abuso, mas não parece ter sido uma prática generalizada. Todavia, em relação à segurança geral do evento, houve muitos relatos a respeito de furto de malas e de oculos. Embora não tenhamos presenciado nada diretamente, cabe trazer os muitos comentários a respeito disso, feitos principalmente nas comunidades da XXXperience no orkut.

Preços

Bar: Para quem frequenta as festas de Curitiba, os preços praticados não trouxeram surpresa. 5 reais pela água, 5 reais pela cerveja, 10 reais pela catuaba, 15 reais pelo energético. Destaque positivo para o combo de cervejas, cujo boleto com 5 latas(de 269 ml, isso é bem verdade)podia ser adquirido por 20 reais sem a necessidade de se pegar todas de uma vez. Trata-se de um preço elevado, mas nada além de preços cobrados no circuito dos clubs de São Paulo ou do sul do pais. Considerando que se trata de um festival de musica eletrônica cheio de atrações internacionais, e não uma rave como manifestação de contra-cultura, houve alguma coerência entre os preços praticados e a proposta da festa. Comida: 10 reais no hot dog, 20 reais no yakissoba! Quem não trouxe seus biscoitos ou barrinhas de cereal, ou quem não se contentava com o pouco sabor dessas comidinhas, teve que enfrentar os elevadissimos preços praticados na praça de alimentação, que na opinião da maioria da festa realmente fugiram da realidade.

Público

Infelizmente, ao lado da decoração – e talvez à frente dela – mais um destaque negativo vai para o público da XXXperience. Não estamos falando apenas das caricaturas da música eletrônica, que estavam presentes em peso. Dos dançarinos de “rebolation”, do “sensualiza” (ou de uma variante intermediária entre esses dois) até o “bonde da oakley” (que dão até um certo toque de humor às festas, diga-se), a opinião generalizada se refere à falta de união do público. Não havia aquela integração que costumamos – ou costumávamos – ver em nossas festas. Sempre se ouve que XXXperience é a festa mais mainstream, que atrai mais frequentadores “aventureiros”, mas essa edição bateu todos os recordes. Criava-se até uma atmosfera pesada, uma energia negativa com essa onipresença do trash, especialmente na área do palco principal.

LINE

Algumas considerações a respeito da formatação. Alguns nomes pareceram um tanto deslocados. O pesado som de Azax Syndrom, embora tenha tido uma boa apresentação, seria muito mais bem colocado entre Rica e Feio e Krome Angels, por exemplo, do que no inicio da festa, antes do full on groove/melodico de Cosmonet Vs Audio-X. Wrecked Machines, por exemplo, que hoje tem produções de vertente psytrance minimalista, fez um set recheado por tracks antigas, o que embora tenha criado um clima de nostalgia para os fãs, é fruto de um line que não respeitou por completo as características atuais de cada artista. Em linhas gerais, podemos destacar no fullon a boa apresentação de Azax Syndrom – embora Rezev tenha dado uma verdadeira aula de lambaeróbica, interagindo pouco com a música que rolava e com os equipamentos – e de Loud, que trouxe os elementos de psicodelia e intensidade, com breakdown inesperados e linhas de baixo rasgadíssimas, que faltaram a praticamente todos os outros headliners. Como previsto aqui no Psicodelia, conquistou aos poucos o público e saiu aclamado como provavelmente o melhor live de fullon da festa. Negativamente, podemos destacar o previsivel Krome Angels, que compensou a falta de novas tracks com novas roupas e com os vocais supérfluos – embora bem trabalhados – de Rochelle von K, e principalmente a fraca apresentação do combalido Paranormal Attack, que desagradou gregos e troianos pela falta de intensidade nos kicks, pelo excesso de Rock 'n Roll e falta de música eletrônica. Agora, fato é que o full on foi personagem secundário na festa. Alguns destaques devem ser feitos: Quantize: o extraordinário e pesadíssimo progressive dos israelenses do Quantize apedrejou o público já durante a manhã. Intensidade, psicodelia, proatividade no set e grande interação com a pista deram o tom. Dr. Lektroluv: o homem verde precisou de somente um telefone, um casaco prateado e um case recheado de tracks de electro cru, reto e rasgadissimo para acabar com a festa. Uma sonoridade bastante diferente, mesmo dos electros que costumam tocar nas festas open air, e mixagens que beiravam a perfeição conquistaram os presentes e consagraram o projeto belga. Pelo feedback do público, parece que a festa foi dele! Stripper: o desconhecido projeto de Marc Adamo e Dino Psaras compensou a apresentação dos anjos cromados com um techno/electro sério e muito bem produzido. Boa surpresa. Felguk: consagrados a cada festa em que tocam, os atuais reis do electro nacional lotaram o Jardim das Energias e fizeram mais uma apresentação memorável, que muitos definem como a melhor de todo o festival. Não há dúvida de que poderiam – ou deveriam ? – compor o line do Palco Principal. Oliver Huntemann e Stephan Bodzin: levaram ao delírio os fãs do techno no Portal das Luzes. Durante as performances eram frequentes os urros e aplausos entusiasmados.

Balanço

É complicado fazer um balanço final da festa. Mesmo com alguns pontos positivos, ficou uma sensação de estranheza no ar. Sem medo de sermos exigentes em excesso, parece que ficou faltando algo para esse festival que teve em 2009 a responsabilidade de ser o maior do Brasil. A decoração fora do prometido em vários aspectos, a escassez de apresentações memoráveis como na XXX 12 anos e o destaque negativo para boa parte do público nos deixou com uma impressão mista. Foi bom, mas podia – e devia – ser mais. Frente à redução no número de festas e à ausência da edição de aniversário da Tribe, a última grande festa do ano nos deixa levemente apreensivos em relação a 2010 e ao futuro das open airs no Brasil. Mas isso é assunto para outro post.

Fotos!

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