Confira nosso review do novíssimo CD de Neelix, “When I’m Grown Up”!

Henrik Twardzik: um sujeito magrelo, de óculos, com cabelo de tigela e cujo apelido é uma referência a um personagem da série “Jornada nas Estrelas”. Poderia ser o cara que conserta computadores na sua firma. Contudo, Neelix decidiu seguir o caminho da grandeza para se transformar num dos projetos mais populares da e-music na atualidade.
Apresentado em grande escala aos brasileiros ano passado, o alemão colecionou performances memoráveis em 2009. Agora, chega a 2010 como campeão absoluto de vendas de tracks de psytrance no Beatport, o mais importante site de vendas de música eletrônica, e com agenda cheia para festas e festivais ao redor do país.
Mas nem apenas de pista de dança vive o DJ. Produtor incansável, Neelix da mais um passo na carreira lançando o seu 5º CD, chamado “When I’m Grown Up”.
Composto por 12 tracks, entre novidades, remixes e tracks já conhecidas por outros lançamentos, o disco marca a maturidade plena do projeto. Dos 130 aos 140 bpm’s, das linhas de baixo marcadas às rasgadíssimas, dos breaks com vocais hipnóticos às deliciosas melodias trance, fica difícil enquadrar o som do produtor em uma única categoria.
Não se trata de qualquer lançamento; ele merece atenção. Para isso, podemos dividi-lo em três partes. Confira cada track clicando nos nomes correspondentes:

Os Remixes

As releituras de quatro tracks de Neelix são a porção mais frágil do CD. Contudo, essa fragilidade não é devida à falta de qualidade das produções, mas reflexo da comparação com as outras partes do disco, em geral superiores.

Neelix – Chainsaw (Vaishiyas Remix): Mostra que Vaishiyas, além de dono da Spin Twist Records, é um competente produtor. A versão tem identidade própria, vez que transforma uma das musicas mais pesadas do CD em um suave prog trance.
Neelix – Ask The Right Questions (Dirtyloud Remix): o remix do ascendente projeto brasileiro de electro tem bons momentos, em especial nas voltas dos breaks (1min30s e 3min30s) numa versão mais lenta e mais pesada. Bacana, mas nada que vá mudar a sua vida.
Neelix – Give Them Free (Audiomatic Remix): provavelmente o melhor remix dentre os outros quatro presentes no CD. Exceção ao restante do CD, a versão de Audiomatic é mesmo superior à original: mais energética, dançante e, principalmente, mais limpa.
Neelix – Smoke and Mirrors (Symphonix Remix): versão suave, progressiva e lisérgica, no melhor estilo Symphonix!

O Progressivo encontra o Electro

Neelix – Chainsaw (Original Mix): um soco na boca do estômago. Não há como não ouvir os kicks marcantes e os basslines rasgados sem pensar em uma possível influência das produções dos melhores dias do Felguk; além disso, o timbre de synth (marcante a partir do 55 segundos e nos 3:30) lembra muito os “órgãos” dos primeiros sucessos de Deadmau5. Progressivo com corpo e alma de electro!
Neelix – Senses (Re-Edit): mesmo com um timbre de linha de baixo muito parecido com o de “Chainsaw”, os elementos progressivos estão mais presentes e suavizam a track. Além disso, o break entre os 2min15s e 3min15s carrega a marca registrada das últimas produções de Neelix: samples de vocais que marcaram o tempo da música, fazendo que a volta do kick e do bassline seja completamente inesperada.
Neelix – Leave me Alone (Original Mix): já com status de obra-prima e uma das melhores tracks já criadas pelo Harry Potter do progressive, figura há incríveis três meses no primeiro lugar dentre as tracks denominadas de psytrance no Beatport. Ela é um resumo perfeito da linha que Neelix hoje capitaneia: bpm’s altos, linhas de baixo marcadas e também rasgadas, breaks com vocais hipnóticos, voltas inesperadas, riqueza em elementos e timbres únicos. E o encontro perfeito entre o progressive, o electro e o trance. Se você ainda não ouviu, por favor, faça um favor aos seus ouvidos
Neelix – Give Them Free (Original Mix): mais próxima do electro do que do progressive não apenas pelos óbvios timbres da linha de baixo, mas pelos vocais e pelas melodias de sintetizador. Suja e com identidade que destoa das demais tracks, pode não agradar à primeira ouvida.

O Martelo de Seda: Peso, velocidade, melodia e suavidade

Symphonix – Good Old times (Neelix remix): tensão na preparação inicial, que desemboca em kicks pesados suavizados pelos famosos vocais e por leves sintetizadores. Uma massagem sonora.
Neelix – Adaption (Original Mix): a linhas de baixa mais grooveadas na parte inicial são exceção nas produções de Neelix. Após o início, synths de violinos conferem tom épico à track. Depois disso, Neelix mostra como construir uma maravilhosa melodia trance sem desembocar na breguice pseudo-grandiosa que domina produções de Tiestos e van Buurens.
Difícil comparar com tracks fantásticas como Galaxy Traveler e a unânime Leave me Alone, mas digo que, por essa características e pela quebra com seu estilo usual, é, na minha opinião, a melhor track do CD.
Galactika – Human Beings (Neelix Remix): o peso da musica a partir dos 2min45s não é suficiente para tirar a aura introspectiva e melancólica dessa bela track. É a track que mais se aproxima do psicodélico, incluindo um break quase israelense a partir dos 4min.
Felguk – Galaxy Traveller (Neelix remix): tem todos os elementos característicos de Neelix, mas bebendo com muito mais entusiasmo na fonte do trance melódico. As melodias iniciais poderiam facilmente figurar em algum set do caras do Above & Beyond; o problema é que eles poderiam se assustar com o groove e peso que seguem!
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Na improvável zona cinza entre o psy, o progressive, o electro e o trance, o dançante e surpreendente som de Neelix é único, em tempos em que tudo nas grandes festas parece tao igual.
Não é exagero dizer que Neelix está na ponta de lança da inovação do progressive trance, estilo já cansado de linhas de baixo retas e contínuas e de melodias manjadas.
Esperem muitas cópias do estilo de agora em diante.