Para baixo e avante!

Publicado em 26/01/2010 - Por Eliel Cezar



Sons típicos dos clubs têm cada vez mais recebido atenção dos produtores de psy.

Assunto batido e debatido, a decadência do psytrance do Brasil já foi assunto diversas vezes aqui no Psicodelia. Contudo, é frequente passarmos por cima das causas. Afinal, porque tantas repetições de projetos em festas? Por que a inovação é tímida ou inexistente?
Uma das principais causas que podemos identificar é o esvaziamento dos projetos. Produtores antes focados exclusivamente no psytrance hoje se dedicam a mais de um projeto; mais do que isso, focam-se mais nos projetos paralelos do que ao meio que os consagrou.
O exemplo mais claro e acessível aos brasileiros provavelmente é o de Gabriel Serrasqueiro. O paulista se consagrou como um dos monstros sagrados da história do psytrance entre 2002-2007, emplacando um sem número de clássicos do full on sob o aka Wrecked Machines ou Growling Machines, e se tornou figura fácil em toda e qualquer open air. Depois, começou a se dedicar a projetos paralelos, como o extinto Velkro (em conjunto com Marcelo VOR), e hoje tem como prioridade o Gabe Live, projeto de minimal techno/tech house. Não é difícil perceber essa prioridade: Gabe lança tracks novas de seu projeto de low quase semanalmente (em parcerias com figurões como Gui Boratto, Christian Smith e D-nox); quanto ao Wrecked Machines, bem, há quanto tempo você não vê uma track nova?
Gabe é o exemplo maior e mais acessível dessa tendência, e por isso, mas certeza não é o único. Já que falamos em “monstros sagrados”, o que dizer do GMS? Se nos anos 90 e início dos 2000 era verdadeira máquina de produzir psytrance, hoje os lançamentos se tornam cada vez mais esparsos, e em sua maioria são remixes. Motivo? Atenção especial ao projeto de progressive-house Riktam & Bansi!

Além das novas prioridades, há que se pesar a repercussão por vezes maior dos projetos alternativos. Simon Schwendener, conhecido no mundo do full on como “Freakulizer“, tem tido muito mais atenção pelos sombrios tech-house’s que lança sob o nome de Khainz.

E não para por ai. Shanghai do Paranormal Attack, passa a produzir electro porradeira como o Underconstruction; Dino Psaras como Stripper; Liquid Soul, produzindo techno como Sleek; Reshef do Quantize, como seu novo projeto solo de techno Sheff; Ace ventura como Schatsi. Até Krome Angels é cada vez mais electro que psychedelic. E a lista continua.
Enfim, o que pretendemos dizer é que produtores antes focados e dedicados ao psytrance hoje não tem o estilo como único foco ou mesmo como prioridade. Isso contribui para a formação de um ciclo:

  • Num primeiro momento, diminuição drástica na quantidade de tracks produzidas e marcantes;
  • Num segundo, diminui a relevância do estilo e, consequentemente, reduz-se o número de pessoas influenciadas a produzir trance psicodélico;
  • Num terceiro momento, cujo reflexo já vemos há algum tempo, é a repetição de projetos, repetição de tracks, repetição de lines, repetição de festas. Assim, a saturação causada pela onipresença dos mesmos projetos e mesmas apresentações se confunde com saturação do estilo.

E o ciclo assim é realimentado…
Não é a toa que o psy tem descido em espiral, em quantidade e qualidade nas grandes festas. A conversão a outros estilos da musica eletrônica é consequência direta. Se isso é positivo ou negativo, cabe a cada um avaliar – eu, por exemplo, admito que só passo dos 130 bpm’s ultimamente para ouvir dubstep.
Contudo, ainda há gente inovando e sendo absolutamente fiel ao nosso acelerado estilo. Será que não está na hora das grandes festas olhar para esse pessoal? Deixo como exemplo Logica e Twenty Eight, dois projetos de extrema qualidade de full on groove, compostos por brazucas,  que nunca ou quase nunca são prestigiados pelo circuito Sul-Sudeste.

E você? Concordo com esse diagnóstico? Tem se convertido às batidas desaceleradas ou continua fiel ao psy?

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