Marina Tavares – Quando foi o seu primeiro contato com a música eletrônica?

Marios – O meu primeiro contato foi em 1992… Após isso, eu comecei a tocar e produzir eventos, na Tailândia e Grécia. Anteriormente, eu tive dois anos de experimentos com Hip Hop… Entre 1990 e 92, eu tocava música punk, nos clubes em Atenas.

Marina Tavares – Como foi o início da sua carreira?

Marios – Na verdade, foi de uma forma muito curiosa… Um bom amigo, teve um acidente na Tailândia, e ele não tinha dinheiro para pagar o seu tratamento médico… Então, eu decidi ajudá-lo, e organizei a minha primeira festa open air…

Na época, eu estava voltando de Goa, e estava totalmente inspirado a fazer eventos parecidos na Grécia. Isso foi o meu empurrão, para fazer a minha primeira festa “Goa”, em 1993, em Atenas. 

A festa open air tinha mais de 3.500 pessoas, em uma colina verde… Além de organizar a festa, eu era o único dj tocando, porque tudo era muito novo naquela época, e não existiam muitos djs por perto tocando trance. O meu primeiro set foi nessa festa, onde eu tive que mixar com velhas fitas cassetes, porque não tinha ainda um DAT. Após essa experiência, eu fui entregar o dinheiro para o meu amigo, na Tailândia, e providenciar o retorno dele na Europa. Ele ficou melhor, eu estava feliz, continuei tocando, e fazendo festas na ilha de Koh Phangan, durante seis meses.

Marina Tavares – Quem foram as suas influências?

Marios – Você diz na música?

Marina Tavares – Sim!

Marios – A minha maior influência sempre será Vangelis e Jean Michele Jarre, mas, eu tenho uma educação musical gigante, que começa no início dos anos 60, e vai até os dias atuais, passando por todos os estilos musicais. Como músico, eu estou sempre conferindo o trabalho que outros artistas estão criando, não importa o tipo de música que eles estão tocando… Boa música é sempre boa música! No intuito de aprender mais, nós devemos observar tudo de bom que vier, ou que já existe. Por outro lado, eu tenho um grande amor e interesse, em meu coração e alma, pela ciência da música de Pitágoras e Eucliedes, e tudo que vem disso… Eu passo muitas horas no estúdio e computador, procurando por essas coisas, e também, passo muito tempo lendo livros antigos, no intuito de aprender como as antigas civilizações entendiam a música e as esferas, e como esse aprendizado proporcionou a eles, a forma de entender como o universo e o espaço funcionam juntos, em grande harmonia. Chegando a esse tema, eu posso dizer que, o espaço sempre tem sido a minha maior influência!

Marina Tavares – Quais são os seus três álbuns favoritos de todos os tempos?

Marios – É difícil nomear um top três de todos os tempos, os álbuns que provavelmente me deram a maior influência…

Mas, aqui estão os três álbuns que eu não poderia imaginar como seria a vida na Terra sem eles:

Vangelis – Mythodea

Jean M. Jarre – Oxygen

Pink Floyd – Live In Pompeii

Marina Tavares – Como você define a sua música?

Marios – A minha música é sempre espacial, pode ser cheia de Trance, e também mover para o Progressive… Eu amo usar qualquer tipo de som que vem de fora, e transformá-lo em formas espaciais! Eu sempre mantenho a linha de baixo gorda, com baterias groove na frente, para que não perca o sentimento groovy. Mas, para mim, é música do espaço!

Marina Tavares – Quando foi a primeira vez que você tocou aqui no Brasil?

Marios – Foi em 1999, na Psychogarden, para os meus amigos David e Patrique. Anteriormente, eu toquei em algumas festas Underground, em Trancoso e Arraial d’Ajuda, mas não eram festas oficias… Eram mais uma reunião familiar, se é que eu posso chamar assim. Depois da Psychogarden, eu toquei na Daime Tribe, e no legendário clube Klatu, na rua Augusta, em SP. Também toquei na famosa Festa da Caverna, em algum lugar perto de São Paulo. O meu primeiro envolvimento na organização, foi no Celebra Brasil, em 2001.

Marina Tavares – Como foi tocar no Terra em Transe Festival 2014/15?

Marios – Como sempre, foi uma experiência incrível, com muita diversão! Foi a quarta vez que toquei na Praia dos Garcez, um dos meus lugares favoritos para tocar no Brasil, e eu me senti muito confortável. Eu sempre tive ótimos momentos psicodélicos nesse lugar, e foi o que aconteceu nessa edição do Terra em Transe… Então, em um momento, eu tive que escolher entre o fluxo comum que estava sendo tocado alguns dias antes, por verdadeiros artistas, o que foi totalmente ótimo, ou poderia pular para algo diferente, uma coisa mais educacional, e proporcionar uma experiência profunda para as pessoas que estavam lá, que eram meio que uma nova geração. Eu escolhi a segunda opção, e estou muito feliz com a mensagem, que foi bem entregue… As pessoas aproveitaram ao máximo!

Vídeo: Lucas Chaves Fotografia e Video 

Marina Tavares – Quais são as diferenças entre a cena eletrônica no Brasil e na Grécia?

Marios – Essa é uma pergunta muito legal! Atualmente, não existem diferenças para mim, eu observei a evolução da música eletrônica em vários países, desde o começo… O que estava acontecendo na Grécia e em outros países da Europa, e também em Goa, em 1990 até 99, aconteceu no Brasil também, mas somente em 2000 até 2009. A diferença é que no Brasil, estão acontecendo tantas coisas novas, pessoas diferentes, todos os anos, então, a cena está se atualizando rapidamente… Os brasileiros sempre estão conectados, de um ótimo modo, aproveitando as festas, e voltados a uma consciência coletiva na pista de dança. Eu estou vendo mais de dez gerações de pessoas, passando aqui no Brasil, e sempre com coisas novas. Na Grécia e Europa, a coisa é mais estável e sólida. Por outro lado, o Brasil tem uma bela natureza, e tantos lugares incríveis para festas, e isso faz uma grande diferença em comparação com outros lugares.

Marina Tavares – Onde foi a apresentação que mais te marcou?

Marios – Foi em Zâmbia, em 2001, no Solipse Festival… Foram vinte dias sem dormir, juntamente ao after no rio Zambezi. Junto a 5.000 amigos, que eu nunca tinha visto anteriormente em um festival… Eu nunca irei me esquecer! Também as edições de um festival que acontece na Grécia, chamado Samothraki.

Marina Tavares – Já aconteceu alguma situação engraçada enquanto você estava tocando?

Marios – Muitas! (risos) E é isso o que acontece quando você se relaciona com pessoas espaciais. Um dos momentos mais engraçados que vem em minha mente, aconteceu na Tailândia, em 1996, em um festival durante a lua cheia, que durou três dias, em uma ilha deserta… Quando o festival acabou, todos os barcos locais foram embora, e nós deixaram lá… Mais de 600 pessoas foram deixadas, em uma ilha desabitada, sem comunicação ou comida, por mais cinco dias… Nós fomos tão sortudos, que os nossos amigos que voltaram para Koh Phangan, começaram a ficar preocupados, e voltaram para nos procurar.

Marina Tavares – Se você pudesse escolher qualquer lugar no mundo para tocar, onde seria?

Marios – Após tocar em mais de cinquenta países, não existem muitos lugares para escolher, mas, eu espero um dia, poder tocar no Burning Man, que ainda não conheço. Após isso, o meu desejo é tocar no planeta Marte!

Marina Tavares – Você gostaria de deixar uma mensagem para os seus fãs?

Marios – Eu estou mandando puro amor, e um grande obrigado a vocês, pelos vinte e três anos de apoio, e ótimas vibrações… Eu prometo manter isso em alto nível, e sempre através da unidade. Eu tenho novas colaborações, que estão vindo em breve, em grandes produções musicais, incluindo novos downloads, e novas ideias, que estão acontecendo no campo de organização de eventos… Eu terminei dezessete novas tracks, que estão esperando para serem masterizadas, e o meu próximo plano, é começar a organizar alguns eventos aqui, em seu belo país… Isso será um passo a mais, no caminho da evolução da cena eletrônica brasileira. Sempre atráves da qualidade, respeito à natureza, e amor pela família brasileira do trance!

Eu gostaria de desejar um ótimo 2015, para os meus amigos e família no Brasil, com belos eventos, e ótimas músicas que estão por vir… Continuem dançando!!! 

Conheça mais sobre o artista:

https://www.facebook.com/pages/Dj-MariosMAKARThe-Grain-SocietyPhantasm-R…

Interview in English here:

https://www.dropbox.com/s/qihbfsuxwl3d09k/Marios.rtf?dl=0

Vídeo: Lucas Chaves Fotografia e Video

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