Com cerca de 15 anos dedicados à música eletrônica e mais de 30 releases lançados, Tiago Sena criou o 4i20, projeto que lhe rendeu significativa projeção nacional ainda no ano de 2012.
Tiago também é fundador e curador artístico de uma das mais importantes gravadoras de Psy Trance do mundo: a Alien Records. O artista e empresário vem desempenhando um papel de grande importência dentro da cena de PsyTrance com sua na constante busca pela quebra de paradigmas, trazendo sempre produções inovadoras para o público.
Para Tiago o PsyTrance e a música em geral não devem ter preconceitos ou julgamentos: cada artista tem seis próprios objetivos e acabam gerando um público que se identifica com seu estilo. Ainda segundo o DJ, o problema é quando o gosto por uma vertente acaba virando preconceito, e as pessoas fazem uso disso para diminuir algo que não gostam ou mesmo se privam de conhecer um artista novo.
Todos os estilos musicais se transformam e se reinventam com o passar do tempo, com o Psy Trance não é diferente. A cada dia que se passa nascem subvertentes que enriquecem e renovam o estilo. Tiago parece ser muito bem resolvido quanto a essas questões e está sempre de cabeça aberta pronto para novos desafios:
“Primeiramente eu tenho que dizer amo música de modo geral e também adoro tecnologia, a musica eletrônica uniu essas duas coisas de uma forma genial, isso me encanta”.
Foto: Guilherme Borges Instagram @gborgesphoto
1- Conte-nos um pouco sobre sua trajetória em meio a música e porque decidiu tocar Psytrance.
Primeiramente obrigado pela oportunidade de falar sobre o meu trabalho no Psicodelia.org. Minha trajetória em meio a musica começou cedo, tenho um tio musico, desde pequeno tive contato com instrumentos musicais e ouvia bastante rock, aos 12 comecei a tocar bateria, aos 15 anos fui à minha primeira festa rave, onde me apaixonei e decidi me envolver com o psytrance, na época Fullon era o estilo popular dentro do gênero Psytrance.
2- Com a popularização da cena eletrônica é normal surgirem novas vertentes e um exemplo disso é o chamado “Future Prog”, que cresce a cada dia. Como você enxerga esse novo mercado?
Eu enxergo de maneira totalmente positiva, fico muito feliz em fazer parte do grupo de produtores que ousaram misturar todo tipo de influencia musical ao psytrance, quebrando antigos padrões, trazendo algo realmente novo dentro do psytrance.
3- Você é o fundador da Alien Records, uma das mais importantes gravadoras de psytrance da atualidade. Com a gravadora nas mãos você com certeza recebe muitas demos e vê muitos artistas novos começando em buscando seu espaço na cena, tem algum em especial dessa nova geração que você aposta?
Eu diria que tem vários produtores da nova geração que eu aposto, seria difícil falar somente de alguns nomes, hoje em dia trabalhamos de uma forma mais abrangente mostrando e divulgando trabalho de vários produtores para saber em quem acreditamos, a melhor maneira seria ouvir o Soundcloud da Alien Records e conferir a grande diversidade de artistas e estilos que trabalhamos atualmente.
4- Como você vê as produções e a cena atual no Brasil?
Eu vejo uma evolução imensa no Brasil em termos de produção musical de alguns anos pra ca. Em todos os gêneros da musica eletrônica podemos ver os brasileiros se destacando em todo mundo, coisa que somente poucos faziam há alguns anos atrás. A cena eletrônica no Brasil é uma das maiores e melhores cenas do mundo na minha opinião. Como nosso país e muito grande, a quantidade e diversidade de eventos são enormes, e tem crescido cada dia mais.
5- Você já passou por diversos estilos, mas foi com o projeto 4i20 que você ganhou significativa projeção nacional. Como é a sua relação com diferentes estilos da música eletrônica?
Primeiramente eu tenho que dizer amo musica de modo geral e também adoro tecnologia, a musica eletrônica uniu essas duas coisas de uma forma genial, isso me encanta.
Tenho uma excelente relação com todos os estilos da musica eletrônica, acho que cada gênero tem sua magia, sua forma de expressar, e por mais diferente que sejam os estilos eles tem a mesma finalidade de entreter as pessoas, marcar momentos, inspirar as pessoas, divertir e educar!
6- Como funciona o seu processo criativo de uma nova faixa?
Eu não tenho um processo definido, cada musica foi criada com uma ideia diferente, com técnicas diferentes, ou uma inspiração diferente. Algumas musicas eu penso em um tema que quero trabalhar, em outras começo apenas brincando com sons e acabo chegando a bons resultados também, sendo assim sempre tenho a chance de fazer algo novo e diferenciado.
7- Sua identidade musical fica muito clara quando escutamos seu projeto. Qual a importância de estar buscando um som diferente do que um trabalho mais “genérico”?
Acho que é de extrema importância buscar algo diferenciado, só assim você pode conquistar seu próprio espaço, criar sua própria identidade dentro da musica.
8- Seu longo tempo de carreira o permitiu acompanhar diversos momentos da cena eletrônica. Você acha que o público tem mudado nos últimos anos? Quais as mudanças mais significativas?
Acho que o público vem sempre se reciclando, temos que lembrar que a vida das pessoas mudam gostos e costumes também mudam, com isso sempre vai ter pessoas saindo e novas pessoas entrando na cena da musica eletrônica, a mesma coisa acontece com estilos, modas, etc… Quem nunca gostou de algum tipo de som, a ponto de ignorar outros estilos, e um certo dia simplesmente passou a apreciar novos gêneros e estilos musicais? Acho que sempre vai ter as novas gerações procurando por diversão e entretenimento de qualidade, e uma mudança significativa que vejo atualmente foi a popularização da musica eletrônica, acho que a cada ano o publico e os artistas podem experimentar maiores e melhores eventos com grande qualidade em estrutura e diversidade artística.
9- Nos últimos meses você tem feito diversas parcerias com nomes como Claudinho Brasil e Mandragora. De que forma trabalhar com outros artistas contribui para o seu lado artístico?
Eu particularmente adoro trabalhar com outros artistas, uma grande parte dos meus trabalhos foram realizados com participação de outros produtores ou músicos, Trabalhar com outras pessoas contribui muito no resultado final da arte, sempre que trabalhamos juntos podemos quebrar costumes, regras, e gostos pessoais, trazendo algo realmente novo, trabalhar com outros artistas para mim uma forma de transcender a minha própria mente e chegar a ideias completamente novas, que somente uma pessoa não seria capaz de alcançar… Já diziam, duas cabeças pensam melhor que uma.
10 – Como está sendo 2016 para você?
Esse ano está sendo muito especial, começando no inicio do ano onde realizei um dos meus maiores sonhos que era conhecer e tocar no Festival Universo Paralelo, Depois disso tive o prazer de mostrar meu trabalho em diversos países, Passei pela Australia, França, África do Sul, Suíça, México, e fui imensamente bem recebido em todos esses países, algo que constatei passando por esses lugares é que a musica quebra barreiras, conecta as pessoas, não há cidade, estado, pais ou planeta que não se unam juntos para celebrar a vida ao som da musica eletrônica.
Agora é o nosso tempo, e essa é a nossa musica! Eletrônica!