Do outro lado do mundo, o outro lado do progressivo

Publicado em 02/02/2010 - Por Eliel Cezar

Austrália: terra de marsupiais, de belas praias e de prog dark
Embora nunca tenha tido o mesmo alcance do energético full on, a vertente progressiva do psytrance goza de algum prestígio em festas e festivais. Representantes de selos como Iboga Records, que tem em seu casting Liquid Soul, Ace Ventura  e Perfect Stranger, por exemplo, são figuras carimbadas no Brasil.
Contudo, a maioria absoluta dos projetos que se apresentam nas grandes pistas tupiniquins tem características muito semelhantes: bassline contínuo, atmosfera diurna, synths melódicos. Nos diferentes projetos, acabam prevalecendo as semelhanças.
Mas é claro que o estilo não se esgota nos projetos que costumam tocar nas open airs. E é na longínqua Austrália que o progressive psytrance de vanguarda encontra sua grande morada. A Zenon Records, criada em Melbourne por Tim Larner (conhecido pelo projeto Sensient), concentra boa parte dos melhores produtores “da outra face” do estilo. Dentre eles, cabe destacar duas preferências pessoais: Tristan Boyle e One Tasty Morsel.
Ambos produzem tracks num estilo que se costuma chamar prog dark. Embora o rótulo possa dar outra impressão à primeira vista, a sonoridade não é necessariamente “escura”. Trata-se de um estilo riquíssimo em timbres de sintetizadores, percussões tribais duras e marcantes, linhas de baixo “gordurosas” e cheias de groove, samples de voz e até uma pegada jazz. Tome-se como exemplo a track abaixo, a ótima e dançante Get Your Wide on, do One Tasty Morsel:

Um som sério, sem dúvida, mas nem por isso “sinistro” ou pouco dançante. As tracks de Paul van Morsel, australiano por trás do projeto, costumam ser bastante distintas uma das outras – embora mantendo as características citadas acima -, diferentemente dos progressivos mais melódicos, que podem ser excessivamente repetitivos às vezes…
Outro projeto australiano formidável é o de Tristan Boyle, que você confere logo abaixo. Repare na instrumentalização, com influência erudita, latina e asiática, fruto dos estudos do artista sobre música erudita e teoria do jazz. No mínimo, uma bela experiência sonora, uma união de extrema qualidade entre sons tradicionalmente psicodélicos e de outras vertentes que não perde o foco: fazer as pessoas dançarem!

Esses projetos australianos ( e não apenas esses) são ainda relativamente desconhecidos no Brasil, mesmo pelos amantes da música eletrônica psicodélica. Afinal, não há como se negar que a alternatividade dos sons talvez os tornem menos palatáveis ao grande público. Ainda, passagens aéreas da Austrália para o Brasil não são baratas, o que pode demover um eventual produtor de festas de assumir o “risco” de trazer esses artistas.
Contudo, eles são uma prova de que a Austrália é mais do que cangurus, e de que o progressivo é mais do que melodias para ver o sol nascer.

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