Inê faz acontecer na cena de psy trance brasileira

Publicado em 24/05/2016 - Por Camila Canabarro

Inê é uma das mulheres mais influentes na cena de psy trance do país e sua relação com a música eletrônica não vem de hoje. Após largar a carreira na área da odontologia ela tem dedicado sua vida à cena eletrônica gerando grandes frutos para o público. Hoje Inê é mãe, DJ e está por trás de grandes festivais como Terra em Transe e Shivaneris.

Sua história com a música eletrônica começou com o techno: foi numa festa desse estilo, em uma tenda alternativa, que ouviu o trance pela primeira vez. Quem estava tocando naquele momento era ninguém menos que Rica Amaral. 

Mesmo sem toda as facilidades que temos hoje como Youtube e Soundcloud, Inê mergulhou em uma profunda pesquisa virando admiradora, pesquisadora de música e frequentadora de festas, dedicando-se a estudar a mixagem focada na complexa vertente Goa Trance, estilo que toca ainda hoje em diversos eventos por todo o país.

Hoje ela faz parte da Suntrip Records e sua carreira de DJ é muito bem consolidada, tocando em importantes festivais como o Samsara, Universo Paralello e Afrodite. Seus sets emergem de raízes melódicas e psicodélicas com tracks old school juntamente com o new Goa, resultando em excelentes mixagens que demostram uma incrível sensibilidade.

 

Confira a entrevista na íntegra:

Inê muito obrigada por falar conosco. Sua história com a música não vem de hoje, li que você está em contato com o trance desde 2000. O que te mantem motivada a seguir nessa caminhada durante todo esse período?

Sempre um prazer falar com o Psicodelia! 

Sim é uma paixão antiga! Comecei como uma admiradora e hoje sou devota! Hahahaha! Minha vida toda se voltou para a música eletrônica. Acabei deixando meu consultório, sou dentista aonde atuei por anos e vivo o trance. Passei a idealizar festas, como a Shiva Trance e a indoor GOA604. E festivais como a Shivanéris na páscoa e recentemente também o Terra em Transe na Bahia e a tocar o Goa e o old school pelo país todo. Meus filhos me acompanham desde a barriga e o trance se tornou nossa cultura!

Mesmo com todas as dificuldades, o que me mantém motivada é passar adiante o conceito do trance. Hoje esquecido por muitos mas que é a cola que nos mantém unidos e pulsando!

Por questões que envolvem contextos sociais o número de mulheres que são DJs é muito inferior ao dos homens. Em nossa cena de psy trance na qual pregamos o P.LU.R. você já se sentiu intimidada por ser uma mulher? Como é tocar em festivais dominados por homens?

Olha, sempre me senti bem recebida e até mimada por alguns produtores! Claro que existem aqueles caras que te olham de canto de olho e esta escrito na carinha deles: – Será que ela dá conta? Ou cometários: – Nossa você toca mais do que homem! Mas não vejo isso como uma intimidação e aproveito para mostrar que damos o recado sim e em meio a lines muitas vezes 100% masculinos, nós brilhamos e ganhamos a pista!

O que noto é um medo maior das mulheres de tentar, de aprender! Talvez pelo contexto social ainda ser forte, mas é uma barreira que devemos transpor juntas! E estou aqui para todas passar o que sei a todas que quiserem aprender!
Nossa sensibilidade e intuição são um diferencial forte, viu meninas?!

Nos últimos anos o psy trance voltou a crescer no Brasil, o número de festivais e novos artistas aumentam a cada dia. Na sua visão, essa nossa caminhada está em um ritmo certo ou poderíamos estar fazendo mais pelo crescimento da cena?

Sim, a música eletrônica no geral ganhou a atenção no Brasil com a vinda de grandes festivais para cá! E com o psy trance não poderia ser diferente. Diversos novos núcleos surgindo! O que eu particularmente acho bom, apoio e sempre apoiarei nossa Cultura.

E nós que somos mais antigos na cena, temos a missão de guiar, de receber bem e orientar. Porém os que estão chegando também tem que respeitar alguns pontos, como datas e o conceito diferente de união que o trance tem e que não vemos nos outros estilos de eletrônico.

Fazer festa só por fazer, pensar só no line up e não no restante É O QUE NOS DIFERE DE OUTROS E TORNA NOSSOS eventos algo único é muito importante! No trance nos preocupamos com o todo, com as diversas formas de arte, com o meio ambiente e principalmente com o ser humano que trabalha conosco. Trance é uma Cultura e não apenas curtição!

Mesmo dentro do psy trance alguns estilos acabam sendo mais populares do que outros. Um exemplo é o Progressive ou Dark que vêm se tornando mais comuns nos festivais. Como você vê a atual cena de Goa Trance no Brasil e no mundo? É possível relatar uma considerável evolução nos últimos anos?

Ao longo desses anos pude ver estilos subirem e depois se recolherem. Estamos vivendo a onda do progressivo e temos o dark/hitech e demais vertentes norturnas como o psychedelic noturno voltando de um sono de alguns anos. Sim, o dark já foi a vertente mais forte há alguns anos!

E junto com essa onda vem o Goa trance. Para essa vertente a história é um pouco diferente.

Todos sabemos que é a raíz do trance, que nasceu de uma fusão em Goa na índia e que as vertentes que hoje conhecemos surgiram dela. Porém aqui no Brasil quando tivemos a explosão do trance, ele já chegou com o full on Israeli chutando a porta! Hehehe, então para a grande maioria não houve o goa!

Ouvi por diversas vezes pessoas me perguntando qual essa “novo” estilo que toco! Imagina! (risos). E com toda paciência respondo que a vertente mãe!

Durante muitos anos, (comecei a tocar em festas há 7 anos, antes disso era para mim mesmo em casa!) me espremi entre vertentes, fiz as transições de tudo que vocês imaginem pro goa. Éramos poucos tocando goa, Rica com seus sets fantásticos, Marcelo Dih, Psychowave na época iniciando suas produções e eu. Movimentos isolados na Bahia e muita muita luta para divulgar a importância dessa vertente!

Eu sempre digo que o goa e o old school são fundamentais em festas, festivais e principalmente para os produtores de todas as vertentes porque nós faz criar uma referência . Sem eles seria mais ou menos como entrar no mar, largar suas coisas na areia e não olhar mais aonde você entrou. Perde-se a referência e a maré te leva para longe!

Então em minha opinião, o goa e o old school presentes nos possibilita evoluir na música o que é um movimento normal mas lembrando-se da referência para continuarmos sendo o psytrance.

Existe algum DJ ou produtor brasileiro que você tem notado nos últimos tempos?

Agora temos mais representantes do goa e do nightznho (variação mais acelerada e com escalas mais arábicas do goa) que tem se destacado. Sempre cito o Psychowave, sou fan de suas produções e da garra em ser o pioneiro em fazer goa no Brasil e se tornar conhecido. E também um time de bons djs Goastral, Gilgamesh, Victor Olisan e as meninas Magistika e Ghantt que vem desenvolvendo seus sets e me enchendo de orgulho!

E vem mais por ai! È uma característica das pessoas que gostam do goa, somos amigos e defendemos a união como se via há anos, defendemos não só o goa e o old school mas a Cultura toda que o envolve.

Então preparem-se! Se o goa vem ganhando espaço isso ficará ainda mais e mais forte! 😀

Você é uma das mentes por trás do Shivaneris, festival que acabou se tornando tradição nos feriados da páscoa. Como foi desenvolver esse trabalho e quais as novidades para 2017?

Sim A Shivanéris nasceu da união de dois crews queridos de SP, a Shiva Trance e a Chidnéris a pedido do próprio público. E a Páscoa se tornou psicodélica!
Esse ano tivemos que cancelar uma edição muito especial em que teríamos show cases de labels importantes e artistas queridos por nós Como Raja Ram e Ace ventura. Soltamos uma nota de cancelamento e nosso público entendeu muito bem pois são os que mais sentem essa sequência de calendários apertados e batendo datas dentro de seus estados.

Cancelamos em respeito ao público e realmente esperamos que em 2017 nossa data seja respeitada, já tiramos nosso time de campo uma vez justamente porque acreditamos na união! Se cada um ceder um pouquinho os eventos dão certo e não apertamos demais o público.

Para 2017 o coelho vem cheio de surpresas! Atrações incríveis no line, decor especial e uma parte Cultural bem expressiva! Acho que ele já esta com saudade! (risos)

Deixe uma mensagem para os seus fãs!

Obrigado por acreditarem no meu trabalho e no amor que tenho pelo que faço! Só posso agradecer a música pelas pessoas incríveis que ela me traz!

 

Saiba Mais:

 

Receba nosso conteúdo
direto no seu email

Cadastre seu email e receba toda semana nossos conteúdos e promoções! É grátis!

0
    0
    Sua cesta
    Sua cesta está vaziaContinuar na loja