Mental Broadcast lança Decoded, um álbum para novos e velhos fãs de PsyTrance

Publicado em 10/10/2016 - Por Camila Canabarro

Após mais de 10 anos na estrada como DJ e produtor, Roma Dias lança DECODED, seu segundo álbum pelo projeto Mental Broadcast

“Foi ótimo para me colocar em teste, para expandir minhas possibilidades, para me reinventar e me fazer evoluir de certa forma não somente na parte musical e artística mas também como ser humano.” 

As nove tracks do álbum trazem elementos já conhecidos do PsyTrance com uma sonoridade mais moderna, atualizada e parcerias com nomes como Burn in Noise, Labirinto, Rinkadink,Twelve Sessions e Eclipse Echoes, todos artistas que de alguma forma fizeram parte do amadurecimento artístico de Roma. 

DECODED já foi lançado no Beatport, você pode conferir clicando aqui. O álbum que impressiona novos e velhos fãs de um bom PsyTrance. 

 

CONFIRA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA:

 

Você já passou por diversos projetos de Psy Trance mas foi com o Mental Broadcast que você ganhou significativa projeção mundial. Como é produzir para diferentes projetos sem que tudo soe parecido? 

Na verdade meu primeiro projeto foi o Mental Broadcast, que comecei a produzir em 2005 quanto voltei de Londres. Toquei LIVE pela primeira vez em 2006, logo em seguida os books começaram a aparecer e em 2007 fui convidado a tocar no festival fora do tempo no maranhão, em seguida veio o Universo paralelo de 2007/08 quando fiz uma apresentação épica no primeiro dia da pista GOA, logo em depois lancei meu primeiro EP pela gravadora austríaca 24/7 records chamado “Transmission” que me deu projeção mundial. Em 2009 fiz a primeira tour pra Europa, foi lá que veio o convite pra o Boom festival de 2010, festival que me consagrou internacionalmente.

Completando a sua pergunta, sim, é muito complicado ter mais de um projeto, eu demorei até conseguir separar os 2 projetos e técnicas de produção, hoje em dia foco em etapas, por exemplo, preciso fazer um EP de progressive, então somente produzo esse estilo, quanto tenho que fazer full on, foco nesse estilo, escuto o que a galera anda fazendo pra me atualizar e assim vou alternando os estilos.

 

 

Você se iniciou na música eletrônica através de festas que tinham como foco o acid techno. Como é a sua relação com diferentes estilos da música eletrônica? Como você incorpora a arte em geral na sua música?

Eu comecei escutando acid techno na squats parties de Londres quando fui morar no Reino unido, chegando la eu não conhecia praticamente nada de música eletrônica e fui parar nessa cena por acaso. Foram amigos italianos que moravam na mesma casa onde eu alugava um quarto que frequentavam e me levaram junto, depois disso fiquei curioso pra conhecer outros estilos e outras cenas na capital inglesa e fui parar na cena do Psytrance de onde nunca mais saí.

Minha relação com outros estilos e com a arte é normal, gosto de muita coisa até hoje mas não consigo assimilar mais o tanto quanto eu gostaria, acho que quando trabalhamos com a música, naturalmente focamos mais no estilo que produzimos.

 

Conte-nos um pouco sobre o processo que envolveu a criação do seu novo álbum intitulado de “DECODED”

O processo de produzir um álbum é demorado mas gratificante. Procurei Buscar dentro de todas as experiências uma continuação para a minha história com o Psytrance, reunir mais de 10 anos de experiências dentro do mundo da música, comemorar de certa forma todos as portas que ela abriu e todos os lugares que ela me levou. 

Foi ótimo para me colocar em teste, para expandir minhas possibilidades, para me reinventar e me fazer evoluir de certa forma não somente na parte musical e artística mas também como ser humano.

Esse processo exige muito laboratório e pesquisa até chegar no ponto de equilíbrio que eu buscava, foram muitas horas no estúdio experimentando e decodificando tudo o que eu tenho em comum com a nova geração e como podemos nos conectar através da música e da arte. Levei muito tempo procurando novos timbres, efeitos e sonoridades, tentando trazer elementos que inovassem sem sair da proposta consolidada nesse tempo de trabalho, o processo foi todo muito divertido, excitante e animado.

O resultado foram nove músicas com elementos clássicos mesclados com uma nova concepção mais atualizada. Eu busquei refletir nesse álbum o amadurecimento do projeto e transmitir uma experiência musical do meu ponto de vista para as novas gerações da cena.

No Decoded eu tentei conectar a galera a um estado de transe mais elevado mas sem forçar a barra. No meu ponto de vista, a música tendo muitos breaks e build-ups, de um certa forma quebra o transe. O ouvinte não se obriga a entrar nesse transe proposto pela música na sua essência, aquela lá de Goa dos anos 90, no drive dos sons, no ritmo e melodias, a cada 2 loops tem outro break de novo que acaba quebrando esse flow, fazendo o ouvinte não se permitir entrar nesse transe. No Decoded eu crio essa ponte entre a cultura musical nacional e a cultura musical da cena mundial, tendo o núcleo da idéia essa proposta. Essa fusão é possível através dos meus 10 anos tocando e viajando o mundo com o Mental Broadcast e me apresentando em festas e festivais tanto underground e comerciais de todos os tamanhos.

Eu procuro fazer música pra galera dançar… esquecer dos problemas.. sair fora do estado normal cheio de pressões sociais e profissionais, levar por instantes o público a viajar e se conectar no mundo paralelo onde a música é o meio de transporte…lá é possível sentir a brisa e elevar a consciência de uma forma positiva, despressurizar o ego, absorver essa experiência digeri-la e levar ela para o seu dia dia, evoluindo também não somente de maneira espiritual mas pessoal e profissional.

 

Ouça as tracks do novo álbum no Beatport

 

O álbum possui diversas parcerias com nomes como Burn in Noise, Labirinto, Rinkadink, entre outros. De que forma trabalhar com outros artistas contribuem para o seu lado artístico?

Eu acho que é ótimo essa troca de informação, a gente sempre tem algo novo pra aprender, seja com um artista ja renomado como um iniciante. É impressionante esse mundo da engenharia de áudio, a gente nunca para de aprender por que a evolução da tecnologia é cada vez maior e mais rápida o que torna praticamente impossível se manter atualizado sem essa troca de informação que a produção com outros artistas nos traz. 

Desde meu primeiro Dj set há uns 13 anos eu já tocava músicas do Burn in noise. Sempre tive vontade de trabalhar com ele, que sempre foi referência pra mim. Quando finalmente surgiu a oportunidade foi incrível, produzimos a track muito rápido, as ideias fluíram de uma maneira muito natural, depois eu trouxe a musica para o meu estudio, arranjei alguns detalhes e o resultado foi a essa bomba chamada Smart machines.

Já o Rinkadink, desde que eu comecei a curtir Psytrance, foi um projeto que eu admirei pela criatividade única que separava o estilo dele de outros projetos. Somos amigos há mais de 10 anos, desde quando fui colega dele na lendária Alchemy records. Essa música que eu remixei se chama Bass Head. Ela é do segundo álbum dele de 2003, eu tinha essa música guardada no meu driver há alguns anos mas não tinha coragem de remixar pois era um clássico pra mim. Agora percebi que era a hora certa pra fazer esse remix e colocar no álbum.

Labirinto é o Pedrão, também meu amigo a mais de 10 anos, tenho música com o ele no meu primeiro EP chamado Transmission com o projeto 28 e com o Labirinto tenho uma colaboração no meu  primeiro album também. Não produzimos algo juntos a mais de 5 anos, foi uma hora boa pra gente trocar essa experiência hoje em dia bem mais envolvidos musicalmente, a track ficou animal.

Twelve Sessions é meu brother Pedro Thiel, fazemos música juntos já tem algum tempo, temos 1 EP juntos chamado Brain Activity que eu adoro e toco até hoje as tracks. Essa do álbum a gente tinha começado há algum e resolvemos terminar finamente, achei que ficaram animais os timbres e conceito dessa track.

Eclipse Echoes é o Bruno Sobreira. O projeto dele vem se destacando bastante na cena mundial com convites pra tocar no Mexico e Japão, muito talentoso e habilidoso, foi animal produzir essa musica com ele.

Technology é meu amigo Fernando Ribeiro, um cara sensacional mora em Porto alegre. Technology amadureceu muito o projeto nos últimos anos e muita gente veio me dizer o quanto curtiu essa track.

 

Para encerrar vamos falar um pouco sobre o futuro. O que vem por aí?

Agora é focar procurar um novo objetivo, talvez um álbum pra meu projeto de Progressive “SUBVERSO”? Vamos ver o que vai rolar, agora quero tocar o álbum e curtir esse momento especial na minha carreira, espero que curtam o álbum e se divirtam tanto quando eu me diverti produzindo ele, muito obrigado e nos vemos na pista.

 

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