E como prometido, lá fui eu mais uma vez cumprir minha árdua tarefa de comparecer, ouvir e anotar tudo o que rolou na edição 2008 da Tribaltech, que aconteceu no último sábado, 23/08 na fazenda Heimari em Curitiba.
Nesta edição a festa manteve sua já conhecida qualidade no que se refere à estrutura, e teve como grande diferencial o line up gigante e variado, distribuído em 3 espaços diferentes e quase 20hs de duração. Indo contra o que se costuma fazer em Curitiba, a Tribaltech começou às 10hs da manhã do sábado e o último nome do line, o alemão Boris Brejcha só subiu no palco por volta das 4:30 da madrugada de domingo.
A Tribaltech 2008 foi a festa do “milagre da multiplicação dos cogumelos”
A grande vantagem que vimos em um line tão extenso é o bom aproveitamento da festa para os diferentes públicos: quem curte os bpms mais acelerados do full on, pode chegar cedo e curtir Bizarre Contact, Wrecked Machines, Dali e Headroom até anoitecer. Já quem prefere um som mais para o lado do progressive/minimal/electro, optou por chegar no final da tarde e foi até o nascer do sol curtindo Oliver Klein, Anthony Rother, Audio Jack e Boris Brejcha. (os nomes citados aí foram os meus destaques da festa, sim, eu fiquei do começo ao fim).
O fluxo de pessoas nos caixas e bares foi muito tranquilo, em nenhum momento houve filas ou tumúltuo. Talvez o fraco movimento nos caixas se deva a um fator muito relevante e o grande ponto negativo da festa: o altíssimo preço das comidas e bebidas, especialmente a água, que custava a bagatela de R$ 5,00.
Posso afirmar que 9 em cada 10 pessoas que chegavam na festa ficavam chocadas com o valor da água. Inclusive alguns, já conhecendo o Psicodelia, pediram para eu não deixar o fato passar batido no review, mas nem precisava: cinco reais beira o absurdo. Citando uma frase ouvida no bar: “Já tá virando preço de zona. Daqui a pouco tão vendendo até Keep Cooler.”
Sejamos sensatos: água é questão de saúde, principalmente em uma festa de longa duração. Deixem para lucrar no copo de gelo+catuaba, no energético e na cerveja. Álcool a gente bebe porque quer. Água, porque precisa.
Outra falha da organização, que embora não tenha comprometido o bom aproveitamento do evento, deve ser apontada: as lixeiras (que sobravam no backstage), fizeram falta na pista principal. Isso fez com que o lixo se acumulasse e saíssemos da festa tropeçando em latas e copos no final da madruagada.
Voltando aos pontos positivos, tivemos a presença de uma delegacia móvel da Polícia DENTRO do evento. Está aí uma iniciativa que achei extremamente positiva. Isso deveria ser padrão em todas as festas de grande porte pois, além de pegar quem está ali com outos objetivos que não seja curtir a festa, ajuda a amenizar a imagem altamente queimada das raves no Brasil.
Outro ponto de destaque foi o conjunto decoração/iluminação da festa: nada de panos estendidos com pinturas fluorescentes (que apesar de muito bonito, já se tornou “padrão” de qualquer festa). Para manter o nível das dezenas de telões utilizados ano passado, dessa vez o que encontramos no meio da pista foi uma grande estrutura metálica, em formato de cubos, emitindo uma série de efeitos luminosos. Simplesmente de tirar o fôlego, especialmente para quem curtiu a festa ali embaixo. Além de provocar um belíssimo efeito a longa distância, resolveu a questão da iluminação da pista principal. Nota dez.
O Backstage: confesso que passei a maior parte do tempo junto com o povão, e as poucas vezes que fui visitar os “primos ricos”, não permaneci muito tempo por lá. De qualquer forma, assim como teve gente que curtiu o “lado negro da força” pelas excelentes performances de Dimitri Nakov, Gabe e companhia, teve quem aproveitou porque podia “comer um temaki trocando idéia com as mina”. Sim, tinha sushi bar. Não, nem passei perto para ver o preço.
Como a maioria saiu falando bem, fica o ponto positivo para as atrações do “B stage”.
No mais, os seguranças educados e profissionais, o espaço de sobra para dançar (mesmo em frente ao palco) e as poucas filas nos brinquedos completaram um “passaporte da alegria” bacana.
O tempo ajudou e, ao contrário do que praguejavam os sites de previsão do tempo, o dilúvio prometido para o fim de semana não apareceu. Rolou no máximo aquela garoa fina e o vento gelado de fim de tarde, típico em se tratando de Curitiba.
Tudo isso somado ao line para todos os gostos, um público bem equilibrado com fanfarrões comportados e xiitas bem humorados, fizeram da edição 2008 da Tribaltech uma festa memorável.
Nota 8,5. Não fosse pela água, eu daria nota 9.
[update] Links de fotos atualizados em 28/08 às 10:00 [/update]