Dave Grohl defende música eletrônica em justificativa por discurso polêmico

Publicado em 23/02/2012 - Por Mohamad Hajar

Polêmica com gente falando que música eletrônica não teria o mesmo valor que a orgânica não foi privilégio só de nós, brasileiros. A diferença é que no âmbito internacional o papo torto veio de uma boca muito mais relevante do que a de um colunista de jornal B: Dave Grohl (caso você tenha passado os últimos 20 anos congelado, a gente apresenta: ex-baterista do Nirvana, vocalista e guitarrista do Foo Fighters, já tocou em gravações de The Prodigy e já foi remixado por Deadmau5, entre muitas outras coisas que o tornam um dos poucos rostos ainda respeitados do mundo rock). Tudo começou com esse discurso de agradecimento no Grammy deste ano, após o Foo Fighters ganhar o prêmio pela melhor performance rock:

Para quem não entende inglês, segue abaixo os minutos finais, que são os mais polêmicos: 

“Para mim, este prêmio significa muito porque mostra que o elemento humano da música é o que é importante. Cantando em um microfone e aprender a tocar um instrumento e aprender a fazer seu ofício, que é a coisa mais importante para as pessoas a fazer… Não se trata de ser perfeito, não é sobre soar absolutamente correto, não é sobre o que se passa em um computador. É sobre o que se passa aqui [seu coração] e o que se passa aqui [a cabeça].”

Não precisa ser gênio para sacar que foi uma crítica direcionada aos diversos “entertainers” que nao tocam, nem cantam, mas são venerados pelo público, mas também aos  falsos DJs que ganham fama internacional e dinheiro fingindo fazer performance para o público e produtores que misturam um punhado de loops mecânicos sem sentido e dizem-se músicos. Porém a grande massa se doeu além da conta, e uma onda de “raiva em caps lock” inundou as páginas do Foo Fighters em redes sociais.

 

Porém, Grohl manteve a postura e se explicou na fanpage de sua principal banda. E ainda assinou a justificativa com um peculiar mau5 no nome, que todos nós sabemos a quem referencia. Confiram comigo no replay:

“Ah, que noite tivemos domingo passado no 54o Annual Grammy Awards. O brilho! O Glamour! SEACREST! Onde devo começar?? Relaxando com Lil’ Wayne… conhecendo a adorável mãe de Cyndi Lauper… a amável pulseira piscante do Coldplay…. muito coisa para recapitular. Ainda está um pouco borrado na memória. Mas, se há uma coisa que eu me lembro muito claramente, foi aceitando o Grammy de Melhor Performance Rock… e, em seguida, dizer isto: 

‘para mim, este prêmio significa muito porque mostra que o elemento humano da música é o que é importante. Cantando em um microfone e aprender a tocar um instrumento e aprender a fazer seu ofício, que é a coisa mais importante para as pessoas a fazer… Não se trata de ser perfeito, não é sobre soar absolutamente correto, não é sobre o que se passa em um computador. É sobre o que se passa aqui [seu coração] e o que se passa aqui [a cabeça].’

Não é o discurso de Gettysburg, mas hey….Eu sou um baterista, lembra?

Bem, eu e minha grande boca. Nunca tinha visto um discurso retórico de premiação de 33 segundos invocar tanta caps-lock rage como essa minha ode à gravação analógica fez. OK…. talvez seja o Kanye em mim, mas….”Imma let you finish”…. só queria esclarecer uma coisa…

Eu amo a música. Eu amo TODOS os tipos de música. Do Kyuss ao Kraftwerk, Pinetop Perkins a The Prodigy, Dead Kennedys a Deadmau5….Eu amo a música. Eletrônica ou acústica, não importa para mim. O simples ato de criar música é um dom bonito que todos os seres humanos são abençoados com. E a diversidade da personalidade do um músico para o outro é o que torna música tão emocionante e….. humana. 

Isso é exatamente o que estava a referir. “Elemento humano”. Aquela coisa que acontece quando uma música acelera um pouco, ou um vocal vai um pouco forte. Aquela coisa que faz as pessoas soarem como pessoas. Em algum lugar ao longo da evolução as coisas tornaram-se coisas “ruins”, e com os grandes avanços na tecnologia de gravação digital ao longo dos anos eles se tornou facilmente “arranjado”. O resultado final? Em minha humilde opinião…. um monte de música que soa perfeita, mas que carece de personalidade. A única coisa que faz música tão excitante em primeiro lugar.

E, infelizmente, alguns desses grandes avanços tiraram do foco o verdadeiro ofício da performance. Olha, eu não sou Yngwie Malmsteen. Eu não sou John Bonham. Inferno… Eu não sou mesmo Josh Groban, para esse assunto. Mas eu tento realmente duro para que eu não tenho que confiar em nada, que não minhas mãos e meu coração para reproduzir uma canção. Eu faço o melhor que posso possivelmente dentro de minhas limitações e aceitar que soa como eu. Porque é o que eu acho que é mais importante. Ele deve ser real, certo? Todo mundo quer algo real.

Eu não sei como fazer o que Skrillex faz (embora eu adoro isso), mas eu sei que a razão que ele é tão amado: é porque ele soa como Skrillex, e isso é bad ass! Temos um processo diferente e um conjunto diferente de ferramentas, mas o “ofício” é igualmente importante, tenho certeza. Eu quero dizer…. se fosse tão fácil, qualquer um poderia fazê-lo, certo? (Viram o que eu fiz lá?)

Então, não me dê dois Crown Royales e, em seguida, peça-me para fazer um discurso em seu casamento, porque eu talvez só fale das vantagens da gravação em fita de 2 polegadas. 

Agora, eu acho que eu tenho que ir gritar com algumas crianças para caírem fora de meu gramado. 

Fiquem frios.
Davemau5″

Se um dos nomes mais influentes do rock atual disse, quem somos nós pra desdizer? 😉

Dica do Marcelo Wolfgang, que não é parente do Gaertner mas curte uma boa música!

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