A decadência das festas de São Paulo

Publicado em 23/05/2012 - Por Psicodelia.org

No último fim de semana aconteceu em São Paulo mais uma edição do 1200 Festival. O evento, que prometia ser uma grande celebração da música eletrônica, decepcionou a maior parte do público, gerou uma enorme quantidade de reclamações nas redes sociais e inspirou nossa amiga e leitora Camila Giamelaro a enviar este texto, analisando a queda de qualidade nas festas de São Paulo. Confiram:

 

A situação é crítica e cansamos de dar boi! Esse é o desabafo de alguém que está a 10 anos curtindo (ou não) a noite de São Paulo.

Enquanto vemos antigas PVTs retornando das cinzas e crescendo em ritmo pra lá de acelerado (Sirius Party, Summer Session, Zenith Daylight Party) e novas festas surgindo com o intuito de garantir o que há de melhor para o público (Special Guest, House Mafia, Premier), podemos também observar a decadência de outros eventos icônicos, que fizeram parte da história da cena eletrônica paulista.

A gente sabe que dinheiro é importante e os olhinhos (e contas bancárias) brilham quando o business parece ser interessante. E  infelizmente , alguns núcleos famosos parecem estar dando de ombros  enquanto assistem à total destruição do “império” que tanto suaram para conquistar.

O exemplo mais recente aconteceu no último final de semana, com o 1200 Festival, um evento de psytrance bastante conhecido, que retornou em 2010 depois de passar alguns anos na gaveta. Vou poupar os detalhes da desorganização, caso contrário poderia ficar escrevendo este texto até o final da semana, só com os pontos negativos.  Mas a página do evento, no Facebook, está repleta de reclamações, basta ir lá e conferir.

Será que os donos originais, aqueles que criaram a festa, ficam pensando na besteira  que fizeram em vender a sua marca, ou pensam “que se dane, não é mais minha mesmo”?

Nunca tive medo de expor lá no Caixa Direita os pontos negativos das festas que fui. Acho que é um direito de todos saberem o que é que aconteceu de bom e de ruim. E EU VEJO TUDO! Desde a organização de estacionamento, segurança e revista, banheiros, serviço de bar e caixas… Mas eu também sei ser justa quando tudo acontece do jeito que deve ser, como foi o retorno da Tribe e também a Kaballah deste ano. O que fica claro é que nestes casos estamos falando de gente experiente, que traz lá de fora referências que agregam ao evento. Eles não querem só o dinheiro, querem também contribuir para o crescimento da cena eletrônica.

Hoje em dia, simplesmente montar um line up cheio de grandes nomes não é mais o suficiente pra chamar a atenção do público (na verdade, já não é assim faz um bom tempo). Assim como as festas se tornaram mais qualificadas, o público também se tornou mais exigente.

Tentar ser maior do que se pode não deveria ser regra em uma cena que está pra lá de manchada aqui no Brasil. Não adianta nada a gente sair em uma matéria da Forbes mostrando como mercado cresceu porque trazemos David Guetta, Fatboy Slim e Carl Cox em eventos patrocinados por grandes marcas e ainda termos festas que colocam 8 cabines de banheiro químico em um backstage que abriga mais de 1000 pessoas, ou nos deparar com uma estrutura de palco e setup de PVT de sítio no que deveria ser uma rave montada em uma fazenda.

Ser independente aqui não é sinônimo de falta de verba para produção. E pra terminar, fica o aviso: cansamos de dar chance pra quem não anda merecendo! NÃO VAMOS MAIS DAR BOI!

Por Camila Giamelaro.

 

Faça como a Camila, clique aqui e envie sua sugestão de notícia

 

Receba nosso conteúdo
direto no seu email

Cadastre seu email e receba toda semana nossos conteúdos e promoções! É grátis!

0
    0
    Sua cesta
    Sua cesta está vaziaContinuar na loja