Entrevista: Psicodália 2016

Publicado em 01/02/2016 - Por Psicodelia.org
 

 

 

O Psicodália é um festival de cultura alternativa realizado durante o carnaval em Rio Negrinho, Santa Catarina. Durante 5 dias, cerca de 6 mil pessoas se reúnem para trocar experiências e vivenciar diversas formas de arte e expressão em um clima de paz e amor que em muito lembra o que conhecemos de seu primo mais famoso e distante, Woodstock.

Sua estrutura é muito semelhante a dos festivais de Psytrance. No entanto no Psicodália o destaque vai para estilos musicais como o rock psicodélico, rock progressivo, folk, jazz, blues, clown music, hard rock, soul e música indiana. Além de música, são promovidas diversas atividades culturais como teatro, cinema, oficinas de ecologia e saúde,recreação infantil e adulta, exposições, bazar, entre outras.

O Psicodália é o um dos mais importantes festivais de música independente do Brasil. Com 15 anos de existência o evento procura valorizar a cultura alternativa e o PLUR. Para conhecer um pouco mais dos detalhes que envolvem a produção de um evento desse porte, entrevistamos com exclusividade a equipe por trás de tudo isso e descobrimos várias curiosidades, confira:

 

1- Quantas pessoas vocês esperam para a edição deste ano e quais são os maiores desafios ao colocar um festival desse porte em prática?

Para esse ano, nossa expectativa é receber 6 mil pessoas. Temos grandes desafios, mas um dos maiores é oferecer a melhor estrutura possível, produzindo o menor lixo possível. Para isso, temos um programa bem eficiente de gerenciamento de resíduos no festival.

 

2- O festival vem se tornando cada vez mais famoso a cada nova edição. Vocês acham que há um limite de crescimento para eventos com a proposta do Psicodália, ou quanto maior, melhor?

Ficamos felizes com o crescimento do festival, principalmente ao ver que ele tem prosperado por gerações. Por exemplo: O pai, que foi nas primeiras edições, hoje leva o filho e ambos curtem juntos. É algo lindo de se ver. Esperamos que o festival cresça ainda mais e que possamos compartilhar bons momentos culturais com muitas pessoas. Não vemos limite de crescimento, até porque, nas primeiras edições, éramos em 150 pessoas, hoje, somos 6 mil. Isso já é um crescimento e tanto, né? Desde que o festival acompanhe esse crescimento e continue propiciando estrutura, shows e, principalmente, a essência do festival, consideramos esse crescimento bem positivo.

 

3 – Se passaram 15 anos desde a primeira edição do Psicodália, isso é uma marca muito importante. Quais foram os “momentos chave” para a evolução e crescimento do festival?

  • A mudança do festival, para São Martinho /SC (em 2006) e, após, a mudança para Rio Negrinho foram momentos importantes para o crescimento do festival, pois pudemos oferecer uma estrutura melhor aos participantes. Ainda, em termos de atrações, escolhemos: 
  • Carnaval de 2008 (São Martinho – SC)- Foi bem marcante com a volta aos palcos do Casa das Máquinas. Foi a primeira vez que o Psicodália efetivamente fez que uma banda parte da história do rock'n roll brasileiro se reunisse e voltasse a tocar. 
  • Reveillon de 2009/2010 – Marcou a nova mudança para Rio Negrinho – SC. Realizamos um dos nossos maiores sonhos, levamos Os Mutantes para tocar no festival. 
  • Reveillon de 2011/2012 – Outro sonho para nós. Mutantes tocando o álbum “Tudo Foi Feito Pelo Sol” na íntegra e com formação original e também o Alceu Valença tocando na íntegra o disco “Vivo”.
     

4- Comparando com as primeiras edições, é provável que muita coisa tenha mudado. Mas ainda há alguma coisa que continue igual?

O festival cresceu, evoluiu, amadureceu, mas a essência dele, a consciência ambiental e, principalmente, o sentimento que as pessoas levam e compartilham não mudou com os anos. Isso é muito legal para todos.
 

5 – Nesse tempo todo o festival já passou por diversas cidades e foi realizado em várias épocas do ano. Vocês acham que agora encontraram o local e época do ano ideais?

Já faz um tempo em que o festival ocorre no Carnaval, salvo poucas edições no meio do caminho que aconteceram no reveillon. A Fazenda Evaristo, que é onde ocorre o festival nos últimos anos, permite propiciarmos uma boa estrutura aos participantes, com mais de 300 banheiros, espaço amplo com praça de alimentação, cozinha comunitária e vasta área para campings.
 

6- Como funciona o processo de seleção de bandas, oficinas e demais atrações?

Todas as bandas e oficinas são bem-vindas e estão convidadas a enviar o material ao festival. Para esse ano, já temos a programação fechada, mas há e-mails específicos separados por tipos de atrações, onde durante o ano todo, passam por um processo de curadoria e, caso sejam selecionadas, a produção entra em contato para fechar as negociações.
 

7- A venda de bebidas é uma das principais fontes de receita para qualquer evento. No entanto, vocês permitem que o público leve suas próprias bebidas alcoólicas. Isso significa que vocês conseguem realizar um evento desse porte apenas com a venda de ingressos ou há outras fontes de receita?

Há outras fontes de receita, como alimentação, venda de produtos da mercearia, venda de produtos oficiais do festival e a própria venda de bebidas, também.
 

8- Um festival do tamanho do Psicodália certamente causa algum impacto no local onde é realizado e por isso é essencial que se preocupe com causas ambientais. Como vocês cuidam desse aspecto? Podem nos fornecer alguns números?

No decorrer dos festivais, vimos que era grande o volume de lixo produzido, e em virtude disso, buscamos alternativas para reduzir significativamente essa quantidade. Nas últimas edições, trabalhamos com barris de chopp e com copos que não são descartáveis, pois dessa forma, além da galera ter uma lembrança física para levar para casa, reduzimos a quantidade de lixo produzido no festival. Além disso, evitamos utilizar plásticos e servimos lanches em embalagens de papel, assim fica mais fácil trabalhar com a coleta de lixo e o papel é orgânico, diferente do plástico.

Nós nos esforçamos, porque temos consciência de que faz bem. Para a edição de 2015, oferecemos 40 banheiros secos, o que na edição anterior de 2014, diminuiu o impacto ambiental, deixando de retirar da natureza, cerca de 20 mil litros de água. Na edição de 2015, a redução do consumo de água chegou a 40 mil litros. Os pontos de coleta seletiva e triagem estão cada vez melhor equipados e sinalizados. Para atender a legislação, áreas destinadas para fumantes serão delimitadas. Colocamos equipe e tempo para dialogar e realizar oficinas sobre nossas metodologias. Basicamente, trata-se de humanismo, de cuidar de nossa terra, dos animais e os nossos companheiros seres humanos tratando todos com respeito.
 

9- Não deve ser nada simples organizar um evento dessa proporção. Durante o festival a equipe consegue tira um tempo para curtir?

Curtimos o tempo todo, pois trabalhamos com o que amamos. Só de ver o festival acontecer, já é uma curtição enorme! Mas claro, enquanto trabalhamos, dá tempo de curtir algumas músicas aqui e ali, ver alguma peça de cinema ou conversar com os amigos. Curtimos muito o que fazemos.
 

10 – Para quem nunca foi ao Psicodália, quais as suas dicas para aguentar tantos dias de festa sem perder o ritmo?

Curtam o festival com consciência, respeito e responsabilidade, em todos os sentidos! Essa é a nossa garantia para ter boas histórias para contar, fazer ótimos amigos e conhecer pessoas incríveis no festival. Nos vemos por lá! 🙂

 

Confira algumas fotos que ajudam a entender o clima do festival:

 

 

Mais Informações:

Psicodália

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