Review: Gui Boratto – III

Publicado em 06/09/2011 - Por Mohamad Hajar

Gui Boratto é um caso à parte na cena eletrônica nacional. O produtor paulistano consegue fazer sucesso em todo lugar que passa: ao mesmo tempo que já encerrou o palco principal de uma Tribe, é figurinha carimbada em clubs da alta sociedade como a Liqüe de Curitiba. Ao mesmo tempo que músicas “doentes” como Gate 7 e Atomic Soda foram presenças constantes nos sets da turminha low bpm, não é difícil encontrar no Facebook alguma adolescente compartilhando a letra de No Turning Back como indireta para um ex.

O fato é que ele atingiu um nível acima dos outros produtores – ele de fato faz música, e não loops mecânicos. Ele cria melodias e atmosferas que despertam diversas emoções em quem ouve: desde uma felicidade confortável com Beautiful Life, até uma tristeza profunda com Telecaster, passando pela sensualidade de Paradise Circus e pela paixão de Besides. E para quem achou que o auge havia sido atingido nos últimos 5 anos, com estas e outras composições, precisa repensar um pouco. O terceiro álbum de Gui Boratto sai do forno com músicas de altíssimo nível, sem dever nada ao Chromophobia e ao Take My Breath Away.

É fato que ele está mais sombrio que os anteriores. Se antes tínhamos 4 ou 5 músicas facilmente aplicáveis na pista de dança, desta vez a introspecção tomou conta. Dificilmente veremos alguma além de The Drill sendo tocada por DJs de techno/house nas baladas e raves pelo Brasil. Nem mesmo This Is Not The End, que por contar com vocais de Luciana Villanova fez com que todos achassem ser a nova No Turning Back ou Beautiful Life, cairia bem em uma pista lotada às 3h da manhã (a não ser que tocada pelo próprio Gui Boratto).

E o que ele tem de sombrio, tem de experimental. Músicas como Striker, The Third e Soledad explicitam a pontinha de Trentemoller que existe nas influências de Boratto, isso sem contar Trap, que poderia se passar por uma produção de Trent Reznor para A Rede Social tranquilamente. Mas até o momento, a minha favorita do disco é Stems From Hell. Com um clima tenso e repleto de adrenalina, esta música que já havia sido lançada no The Drill EP com certeza irá fechar alguns sets meus nas próximas semanas.

Não esquecendo que o novo CD vem com novo live audio-visual, que promete tornar ainda mais incrível a experiência sensorial causada pelo trabalho do paulista. De que forma isto acontecerá ainda é um mistério, mas que hoje acaba, na estréia do show no Warung Beach Club, em Santa Catarina.

Em resumo, Gui Boratto provou mais uma vez ser um músico de primeira linha, muito acima dos diversos aventureiros de Ableton que se dizem produtores. III será aquele CD que mesmo tendo as cópias digitais, irei comprar na livraria e manter na prateleira, junto com os outros clássicos que ali residem. Para quem ainda não tem e não quer se render à tentação da pirataria, basta clicar na capa do CD para ser redirecionado ao site do MTV Iggy, que conta com o streaming exclusivo das 11 faixas.

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