Para ler ouvindo: Gabriel Lukosz Feat Rachele Warner – Last One Out (Niklas Harding Remix)
Estava eu lendo o livro Festa Infinita – O entorpecente mundo das raves (recomendo fortemente) quando me deparei com um trecho que me chamou a atenção. Evitando o spoiler (o Eliel deve estar terminando de ler esse livro), eu realmente parei pra pensar sobre uma coisa que está evidente, e não só na cena eletrônica, e que passa despercebido para muitos – a intensidade das pessoas em seus momentos de diversão. Me prendendo no assunto desse blog, o que leva alguém a ser completamente intenso numa festa? Se antes, uma pessoa curtia uma festa por 3, 4 horas e ia pra casa já cansado, hoje essa mesma pessoa passa 10 horas na frente de uma caixa de som com um barulho ensurdecedor e em alguns casos volta pra casa menos cansado do que no exemplo anterior. Se antes uma pessoa fumava um baseado e ficava legal, hoje ela toma 5 comprimidos de ecstasy para chegar na euforia desejada. Obviamente, estou tratando de casos isolados nesse último exemplo, possíveis excessões do contingente normal de uma festa. Já se sabe que qualquer coisa em exagero costuma fazer mais mal do que bem, então porque esse comportamento vem se tornando mais comum a cada dia que passa? De onde vem toda essa intensidade?
Se encararmos pelo lado romântico da visão, podemos chegar a conclusão de que esse exagero de comportamento é apenas o caminho normal para a transcendência. Se você busca o auto-conhecimento, você precisa necessáriamente abrir mão de qualquer distração e estar completamente focado naquilo, fazendo com que essa maratona seja necessária. O uso da dança e de certos rituais é feito desde muito tempo atrás, e a continuação desse exercício com a música eletrônica é apenas uma evolução natural do conceito original. É uma explicação plausível, de certo modo, para alguns.
Se encaramos pelo aspecto da modernidade, podemos concluir que isso é o necessário para se desligar de todo o tipo de impacto da enxurrada de informações ao qual somos submetidos diariamente. Se antigamente o padrão era fazer uma coisa de cada vez, hoje vemos profissionais realizando 3 ou 4 tarefas simultâneas, sem perder a concentração, ao mesmo tempo que navega na internet lendo o site de algum jornal e se comunica via Instanet Messenger com outras pessoas. Já parou pra pensar em quantas marcas você teve contato somente nas últimas duas horas? Faça esse exercício qualquer hora, tente lembrar quantas marcas você foi submetido a observar enquanto faz as coisas rotineiras em um intervalo de 2 horas. É muita informação. Portanto, essa maratona se equipara a isso e de alguma forma te libera de todo o acúmulo até aquele momento.
Se pensarmos no quesito drogas, é mais complicado ainda. Eu já vi uma pessoa numa festa que pretendia tomar 7 comprimidos de ecstasy, e achava que não seria o suficiente ainda. O lance de que um estímulo quando repetido muitas vezes perde o efeito se tornou real pra mim naquele dia, sem que eu pudesse sequer imaginar como seria na prática. A parte física da coisa é algo que eu não tenho conhecimento para opinar, então se alguém quiser opinar aqui, fique a vontade.
Pense nisso e me diga o que você pensa. Porque acontece essa grande intensidade nas festas de hoje?