Nem só de DJs é feita uma boa festa de Psytrance. O impacto que uma boa apresentação de pirofagia provoca no meio da pista é inegável e valoriza incrivelmente qualquer evento open air. É acreditando no poder dessa arte milenar que Eduardo Sanches criou o projeto Pyrotec, focado em intervenções artísticas com fogo.
Eduardo aprendeu a arte ainda em 2006 no “Circo do Brasil” quando teve a oportunidade de integrar temporariamente o elenco de importantes grupos de circo sob o nome de “DarknesFire” e “Arte & Fogo”, dentre eles o “Circo Romanelli” e “Circo di Roma”. Posteriormente passou a direcionar seu trabalho a eventos em diversas casas noturnas e, mais tarde, viu na cena do Psytrance a oportunidade ideal de trabalhar unindo coreografias performáticas ao longo de uma variação expressiva de BPMs.
O Psicodelia conversou com o artista para conhecer um pouco mais sobre o seu trabalho, confira:
Como a pirofagia chegou à sua vida?
Sempre tive uma certa habilidade e vivência com coisas em que a arte estava presente, e minha mãe que pintava quadros, fazia bolsas e por muitos anos trabalhou com cortes de cabelo, sempre me incentivou a desenvolver habilidades manuais. Em dado período da minha vida em 2004 tive meu primeiro contato com a Pirofagia através de um circo que passava na região onde eu morava e por mais ou menos um mês e meio tive acesso aos ensaios e também aos segredos do “Circo do Brasil” como era o nome na época. Foi lá ainda que iniciei minha busca por trabalhar com a arte e posteriormente apresentei e aperfeiçoei a técnica na minha breve passagem pelos “Circo Di Roma” e também o “Romanelli”.
Quando foi sua primeira festa e quando foi a primeira vez que você pensou trabalhar com pirofagia em festas de música eletrônica?
Bom, com os anos eu sai da cena circense para entrar em casas noturnas de Curitiba, na época eu apresentava para casas como o extinto “Opera1” em eventos como “Bio Dementia” e mais tarde para o “Blood Rock Bar” entre muitos outros eventos que dispunham os espaços. Trabalhei também para festas de aniversários e outros tipos de confraternizações. Não demorou muito para eu encontrar o espaço ideal dentro da música eletrônica, que teve início na primeira edição da festa “Psycodélicos”, e de lá para cá conto o que já somam mais de 25 intervenções nos últimos 3 anos para eventos desse tipo.
O que você acha da cena eletrônica brasileira atual?
Acho algo realmente incentivador, especialmente se formos levar em consideração a proporção e a força que temos visto não somente nas pistas como também nas redes sociais, a cena eletrônica brasileira está se subdividindo em muitos segmentos que vão muito além do DJ. Temos fotógrafos, produtores, vendedores, promoters, intervencionistas, decoradores e diversas outras Profissões envolvidas. Se tornou comum ouvirmos música eletrônica nas rádios e eu acho tudo isso algo realmente animador, Ainda mais quando percebemos que grande parte desse público passa a entender o que é o P.L.U.R. e que é através dele que conseguimos extrair o melhor de cada indivíduo que integra toda essa massa cultural.
Se você pudesse escolher qualquer lugar para apresentar seu trabalho de pirofagia, qual seria o evento?
Sem sombra de dúvidas o “Boom Festival” que representa da forma mais pura o conceito de experiência multicultural, esse evento ocorre a cada 2 anos em Idanha-a-Nova, Portugal, e acredito que poder expressar a arte milenar da Pirofagia sincronizada a toda aquela coletividade deve ser uma experiência de tirar o fôlego!
Quais são os próximos planos do seu projeto?
Antes de tudo acredito que como artista devo buscar a valorização não somente do meu projeto solo “Pyrotec” ou então do grupo “Ignis Tribe” o qual possui atualmente seus 5 integrantes ativos como também da arte em si. Estou em um momento da minha vida que tenho prezado mais pela qualidade do que quantidade e acredito que essa seja a melhor receita para agregar a cultura no momento.
Além dos projetos pirofágicos, sabemos que há outra paixão paralela que é a produção musical. Nos conte um pouco sobre o projeto Dollmaker.
Digo sempre que meu ponto fraco sempre foi a música, aprendi logo cedo aos meus 11 anos a tocar instrumentos analógicos como violão, piano e brevemente bateria sob forte influência do metal dos anos 2000, mais tarde quando conheci a música eletrônica fiquei apaixonado pela quantia de elementos harmônicos, pela forma que os sintetizadores conversavam e principalmente pela energia que eu sentia a cada vez que estava no mainfloor de um evento. Hoje, dedico meu tempo livre para produções que variam de 138 a 145 BPMs, carregadas de progressões harmônicas. Acredito que essa trajetória se resume de forma que estou sempre buscando em minhas referências melódicas criar efeitos elásticos que contam uma história única com começo, meio e fim, com o intuito de criar grande variação de sensações em um curto período de tempo.