Entrevista: DJ Inê

Publicado em 27/08/2014 - Por Marina Tavares

Marina – Como surgiu este amor pelo Goa Trance?
Inê –
Eu comecei a frequentar festas no final de 1999, e início de 2000. Então, era uma linda manhã, em uma festa de Techno, onde a tenda alternativa era de Trance, Rica Amaral estava tocando Goa… Eu não queria mais sair de lá!
Eu comecei a minha pesquisa baseada naquela manhã, e me deparei com o início do trance, claro, que era tudo mais difícil naquela época, mas, todo esforço era pouco, e fui me aprofundando, e a minha paixão aumentando, por este som que mexe com a alma.
 

Marina – Como foi o início de sua carreira?

Inê – Eu tinha um par de cdjs e um mixer, tocava em casa, para mim e meus bebês. Eu sempre estive em contato com os produtores de Goa Trance, sempre fui uma super fã, então, o Filteria veio ao Brasil, e acabou esperando uma organização que não apareceu para buscá-lo no aeroporto, e me ligou, e fui apanhá-lo. Ele ficou hospedado em minha casa, em um churrasco de amigos, nós ligamos as cdjs, e começamos o trance.
Foi ai que Filteria me descobriu, e ligou para Suntrip, e disse: – Encontrei a DJ que procurávamos! 

E assim, eu comecei a tocar, e fui convidada por organizações, que queriam ouvir a Suntrip, e entender o porque uma menina brasileira representava a label considerada a melhor do Goa Trance mundial.

 

Marina – Quem foram as suas influências?
Inê – Na nova escola de Goa: Filteria, Goasia, Dimention 5, e a Suntrip em geral.
No Old School: Astral Projection, Pleiadians, Man With No Name, Miranda.

O Neo Goa mantém a melodia linda e frenética do Old School, porém, com kick e baixo mais “afullonzado”, o que deixa a pista mais dançante. Na verdade, eu acredito que as nossas pistas brasucas reconhecem a pitada de full on, e dançam mais, é isso!

 

Marina – Quais são os seus três álbuns favoritos de todos os tempos?

Inê – Man With No Name – Teleportation
Pulse – This Is Psychedelic Trance (1996)
VA – Shaltu (Suntrip Rec)
Goasia – Amphibians On Spacedock (Suntrip Rec) – Este irá sair em setembro, mas é uma obra prima, merece estar na lista!

 

Marina – Como você vê a cena eletrônica brasileira atualmente?
Inê – Eu acredito muito na cena eletrônica brasileira! Nós estamos em um momento em que, olhar para as raízes de nossa cultura é fundamental. É como entrar no mar, e deixar as suas coisas na areia… Se você não mantiver os olhos fixos, a maré te leva, e você não lembra mais o ponto de partida.
E acredito que é disso que os produtores, DJs, e os admiradores da nossa música precisam, estudar mais as nossas origens, e resgatar as suas influências. Evoluir sim, claro! Porém, sabemos que a direção é sempre mais importante do que a velocidade!
Nossa cena está bem aquecida, uma nova geração está chegando em nossas festas, e é nossa obrigação recebê-los, e mostrar o que nos fez apaixonar pelo trance e toda a sua cultura.

 

Marina – Como foi tocar no Universo Paralello 2013/14?
Inê – Surreal! Amanhecer o gigante Main Floor do UP após uma noite toda de sono!
As melodias do Goa foram buscar longe seus admiradores, do palco, eu via as pessoas saindo de suas barracas, chegando das outras pistas… Alguns  espreguiçavam na pista, ainda com os olhos inchados, tomavam seu açaí! De repente, embalados pelo Goa, a pista passou a se mover como uma onda! Eles dançavam e sorriam, e uma sequência surreal de Goa começou… Aodioiboa, Psychowave, The Green Nuns Of The Revolution, Rica Amaral, Pleiadiens… Eu irei levar isso comigo para sempre!

Marina – Como foi tocar na 15° edição do FAK – Festival Alternativo do Kranti?

Inê – Eu tenho muito carinho pelo Kranti e pelo festival. Eu já frequentava, mesmo antes de começar a tocar, e foi um dos primeiros festivais em que toquei. Agora, super diferente, cheio de pessoas de todo o Brasil, a pista estava linda… O público aguardava o Goa, e a energia que ele emana, uma pista que já conhece o que quer, e um festival que atingiu um outro nível.

Marina – Conte-me um pouco a história do Shiva Trance.

Inê – A Shiva Trance começou de uma ideia entre amigos, para amigos. Desde a primeira edição, nós pensamos em nosso line up, e como receber as pessoas com muito carinho, e procuramos manter isso, até hoje, o contato com os nossos amigos. Somos do trance, estamos nas festas, no palco, e na pista! Então, pensamos sempre em como nos sentiríamos em casa… É assim que cada edição da Shiva Trance é feita!
A próxima edição, 1 e 2 de novembro, vem ao encontro do que conversamos sobre a cena brasileira. Uma edição que vai promover um encontro de gerações, nos fazerá olhar para as nossas origens, e celebrá-la em uma só energia. Acreditamos que será um marco para a cena eletrônica brasileira.

Marina – Fale-me um pouco sobre a turnê Europeia que está por vir.

Inê – Um desafio e tanto! Ir lá tocar o meu Goa, para pessoas que acompanham e seguem as origens do Trance. Vou passar pela Suíça, tocar em um castelo em ruínas nas montanhas, em uma festa somente de Goa. Na Roménia, no Transilvânia Calling, um festival considerado um verdadeiro tesouro. Na Eslovénia, amanhecendo uma noite psicodélica, em uma tribo da floresta. E na Croácia, em um clube onde o Goa vai ecoar full power!
Espero levar a energia de cada pista brasileira pela qual passei, e trazer de volta na bagagem muita melodia, e um sentimento de dever cumprido.

 

Marina – Gostaria de deixar um recado para os seus fãs?

Inê – O recado aos meus fãs? É que, com certeza, sou mais fã deles, do que ao contrário! Agradeço cada sorriso que recebo ali, quando as melodias do Goa começam a ecoar, a energia que sinto de volta guia a seleção de cada track, e inspira cada mixagem! Obrigado a música, pelas pessoas que ela me traz! 

 

Conheça mais sobre o artista:

https://www.facebook.com/goa.dj.ine

https://soundcloud.com/dj-ine

http://www.suntriprecords.com/artist/name/In%C3%AA/

http://www.shivatrance.art.br/

https://www.facebook.com/ShivaTrance

 

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