Podcast Urbanação #34

Publicado em 09/10/2008 - Por


E já está no ar o Podcast #34 do Urbanação, um dos melhores podcasts de música eletrônica do Brasil. Nesta edição, confiram uma entrevista com sua majestade, KING ROC! Em uma das entrevistas mais interessantes do URB, este ícone da música eletrônica mundial conta tudo sobre seu álbum de estréia “Chapters”. Clique aqui e baixe o episódio.

Entrevista

URB: Vossa majestade, muito obrigado por vir e seja bem-vindo ao Urbanação!
KING ROC: Muito obrigado por me ter aqui, muito feliz por estar aqui!
URB: Excelente! Esta é a sua quarta vez no Brasil – como você se sente com isto?
KING ROC: Bom, eu amo este país, eu adoro vir aqui. Infelizmente eu tenho que voltar pra casa amanhã, o que me deixa muito triste. Estou muito feliz por estar de volta, tenho muitas festas legais por aqui. É muito excitante voltar novamente.
URB: A gente ouviu dizer que tocar no Brasil desta vez foi realmente fantástico pra você, algumas das suas apresentações foram muito boas. Você pode dizer pro pessoal ouvindo o Urbanação o que você tocou, o que você vem fazendo, pra onde suas produções estão indo…
KING ROC: Claro! Nesta viagem na verdade eu passei a maior parte do tempo em Belo Horizonte, toquei lá algumas vezes no Deputamadre. A gente teve uma festa lá ontem à noite que foi divertidíssima!! Estou ainda de ressaca como resultado!! (risos) Mas o que realmente me faz amar tocar aqui no Brasil é que eu sinto que este país é um dos melhores no mundo pra vir e tocar underground dance music.
É aqui que você tem a melhor reação do público pra música que você toca. Você não precisa segurar o que você toca, você pode realmente ser o mais underground e criativo que você quiser e você percebe as reações mais incríveis do público pra’quilo que você está fazendo.
Então pra eu estar aqui, tocando minhas músicas favoritas e ter estas reações do público é realmente muito especial pra mim. É realmente muito bom estar aqui, é muito bom estar aqui. Eu gostaria de ficar por aqui muito mais tempo se eu pudesse!! (risos) É um país muito especial. Esta foi uma viagem muito boa, estou aqui há 2 semanas e está sendo um pouco pesado pra mim porque me tirou do estúdio e eu estou literalmente nos  estágios finais pra terminar o meu álbum, que na realidade venho dizendo há 2 anos que vou terminar… (risos) Estou passando um período muito cheio de coisas, colocando muito trabalho pra terminar o álbum, que tem sido um bom desafio porque ele não é um álbum de música pra clubes como estamos acostumados, eu queria fazer algo que representa o que eu iria ouvir quando estivesse em casa. Quando estou em casa eu não escuto dance music, música pra clubes.
URB: “Começar, mudar, voltar, mudar” – as pessoas podem esperar um pouco disto no novo álbum, o “Chapters” (Capítulos)?
KING ROC: Basicamente o conceito por trás do projeto é que eu mesmo queria lançar minhas próprias músicas. Isto porque eu fiquei bastante decepcionado e entendi que trabalhar com outros selos não me trazia a satisfação  que eu queria com trabalho todo. Eu sabia que eu queria lançar minhas próprias músicas e eu queria uma plataforma pra ser mais criativo, mais expressivo. Então decidi que queria fazer este tipo de projeto e o conceito por trás disto era lançar uma série de EPs que eu acabei chamando de “Chapters” (Capítulos) porque cada EP tem um certo tema, um motivo, uma história. Coisas que eu acho interessante, coisas que percebi à minha volta, no mundo…
Mais ou menos como um autor escrevendo sobre suas experiências, eu tentei traduzir isto pra dentro de um contexto musical. Então pra cada EP eu criei um tema e produzi uma série de músicas baseadas em volta daquele tópico, até os nomes vão na mesma linha. E venho trabalhando com um visual designer realmente incrível chamado Seb Godffrei, do Drunk Park, e ele tem montado o visual em volta destes temas também. Então é uma experiência criativa bastante completa, pra dar a todas as pessoas envolvidas uma oportunidade de experimentar algo diferente.
Eu já praticamente terminei todos os 5 EPs agora, o terceiro está sendo lançado neste momento e o que estou fazendo para o álbum é pegando as melhores partes destes EPs, quebrando tudo no meio e re-trabalhando estas partes em um formato de álbum ao invés de um formato pra clubes. Uma das músicas que acabei de terminar era um tech-house que girava originalmente em torno de 125 bpms, e agora é uma música de 80 bpms meio que quase um dub/hip-hop, completamente diferente da música original. Mas se você ouvir uma do lado da outra você vai ouvir a conexão entre elas. E isto é muito legal, muito excitante, me dá uma oportunidade de ser criativo porque fiquei de saco cheio de simplesmente criar club music. Fiz muitos remixes e muitas músicas pra pista e achava que todo o processo de criação destas músicas estava ficando muito repetitivo e estava buscando um jeito de mudar isto.
URB: O que foi aquela história que você queria parar de tocar? Isto tem alguma coisa a ver com estar cansado de fazer a mesma coisa, sempre seguir o mesmo padrão… tem alguma coisa a ver com isto?
KING ROC: Fiquei muito interessado com este conceito de “de onde a criatividade vem”. Eu sou uma pessoa bem analítica, comecei minha carreira, comecei a me apresentar e  comecei a ter vários trabalhos de remixes. O trabalho que eu estava fazendo estava crescendo constantemente e eu adorava. Mas daí um dia, acho que em 2006, mais para o fim do ano, eu tive meu primeiro “lapso de produção”. Eu simplesmente não aguentava mais produzir música… me cansei do processo, achei muito repetitivo, chato e eu não estava mais curtindo muito as minhas apresentações. Eu realmente estava me questionando o porquê de eu ter começado a fazer tudo isto, etc. E ao invés de jogar a toalha naquela hora isto me fez olhar e analisar porque um dia eu poderia sentir uma idéia inspiradora pra escrever música e no outro dia eu não sentiria absolutamente nada.
E eu estava bem feliz sentado e jogando o meu Xbox o dia todo e nem pensando em música. Mas, por mais legal que seja jogar videogame o dia todo você não ganha pra fazer isto!! (risos) Tenho certeza que muita gente quer que isto aconteça!! Mas realmente eu fiquei bastante desiludido, cansado e entendi que eu tinha que chegar no resultado final fazendo este trabalho olhando por ângulos diferentes. E fazendo isto eu deixaria todo o processo mais interessante pra mim.
Então, por exemplo, o modo que você produz um álbum hoje em dia é um processo bastante técnico, você precisa ter alguma habilidade técnica com softwares, uso de áudio e coisas do gênero. E você pode acabar repetindo o seu processo de criar uma música – você começa e coloca um bumbo 4/4 e aí você coloca uma caixa, um ximbau, o goove e a melodia no topo… isto vira um processo bem estruturado. Então o que eu queria começar a fazer era chegar neste processo de um jeito diferente cada vez. Agora eu tento pensar e encontrar um som e focalizo a música toda em volta de um som só. Ou eu tento criar uma melodia no piano, ou a guitarra e daí foco tudo em volta daquilo ao invés de começar simplesmente pelo bumbo, os beats e assim por diante.
Simplesmente este jeito de misturar as coisas me ajudaria a me manter mais interessado e quando estivesse assim, inevitavelmente estaria mais criativo. Estando assim geralmente eu faria músicas melhores – pelo menos é assim que eu penso!!! (risos)
URB: Com certeza!! E é isto que está vindo no seu álbum de estréia. E 2009? Você está preparando um live P.A., não é?
KING ROC: Claro! Eu na realidade comecei a trabalhar neste live e infelizmente me separei da minha namorada, com quem estive por alguns anos, então eu…
URB: Então meninas que estão ouvindo isto aqui, enviem seus currículos!! (risos)
KING ROC: Então eu tive que guardar o meu setup e um monte de coisas num armazém e não consegui me manter trabalhando muito no live. Têm dois tipos de live que quero fazer: eu quero fazer um como um show pra clubes, que é mais um live de techno, e quero outro que é mais pra grandes festivais e que deve ser com músicas mais estruturadas, focando mais no som do álbum, que vai ser uma variação, como eu disse, entre 80 bpms e 140 bpms. Pra isto eu tenho alguns grandes amigos que tocam bateria, baixo e coisas assim e eu quero colocar todo mundo pra tocar e viajar juntos. Isto com certeza vai levar um pouco mais de tempo pra ajeitar, e claro, é muito mais caro pra fazer, dá bastante trabalho com a logística de tudo isto – levar 5 pessoas pra uma tour é muito caro e dá muito trabalho. Isto pode provavelmente levar até julho de 2009 pra acontecer. Mas definitivamente até o fim deste ano eu quero apresentar o live de techno.
URB: Então você está falando de um live com uma banda completa, não somente você e um computador, mas com uma banda completa.
KING ROC: Este é o plano, basicamente para os festivais. Eu não levaria este formato para o clubes, isto é para os festivais que temos na Inglaterra, na Europa, aqui no Brasil. Eu não vejo razão para levar uma banda como esta para um clube pequeno quando você pode fazer tudo isto em um Ableton (Live) de qualquer jeito!! (risos) É só um som diferente… a coisa que tenho é que eu amo club music e se eu estou numa festa, eu sou sempre puxado pra’quele som… se estou em um grande festival eu sou sempre puxado pelo bumbo da música. Ao mesmo tempo, quando estou em casa, eu nunca escuto club music. Eu ouço rock, indie, electronica, coisas com mais estrutura musical. E eu queria tentar trazer este lado da minha personalidade para o outro lado. Muitos caras por aí, os quais respeito muito, olham muito só para um lado – eles são muito bons naquela coisa que fazem, eu os admiro por isto mas só trabalham com aquilo. Eu tenho muitas coisas que gosto muito e eu quero tentar e levar estas coisas para a minha carreira, se eu puder.
URB: E como as pessoas podem acompanhar o seu trabalho? A sua música… como elas podem ouvir o que você anda fazendo?
KING ROC: A gente acabou de lançar o site do nosso selo, que é www.mutualsocietymusic.com . É um site um pouco diferente, estamos tentando fazer uma experiência mais interativa, focando em volta dos “temas-capítulos”, têm alguns mistérios no site, todo mundo pode baixar alguns wallpapers, novos mixes e algumas músicas gratuitas que todos podem baixar. Então estamos dando coisas assim pra fazer um trabalho um pouco diferente. Obviamente eu tenho também o meu myspace que é www.myspace.com/kingrocuk e lá todos podem seguir as datas das minhas tours, os meus lançamentos de club music e coisas do álbum da Mutual Society.
URB: Brigadão pela entrevista e a gente espera te ver em breve!
KING ROC: Muito obrigado! Com certeza a gente se vê logo!

Extras

Para quem quiser conferir o som do cara de perto, a Tribe de Curitiba é uma ótima oportunidade. King Roc toca às 16hs na Tenda Tribe Club, não percam!

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