Review – Tandava Gathering 2011

Publicado em 21/11/2011 - Por Mohamad Hajar

Aconteceu nos arredores de Curitiba, entre 11 e 15 de novembro, um dos principais festivais do país: o Tandava. Mesmo castigado por muita chuva e frio, o evento aconteceu com tranquilidade e sucesso, sendo bastante elogiado nos dias seguintes. Vamos conhecer agora os detalhes desta festa.

 

ESTRUTURA

O Haras Cartel foi, pelo segundo ano seguido, escolhido para receber o festival. Essa escolha por si só já é um ponto positivo: é um lugar bonito, estruturado, grande e de fácil localização. Apesar de estar a cerca de 50km da capital, foi um dos melhores ambientes para festival que já visitamos. Porém (sempre há), pecou em uma coisa que foi bastante criticada: a falta de energia para fornecer banho quente para o pessoal do camping. Muitos vão dizer que é uma reclamação exagerada, pois um festival é um festival e não um resort ou spa, mas devemos lembrar que o frio curitibano de 10ºC é bem diferente do Sol escaldante de outros festivais. É algo que deve-se ter atenção maior nas próximas edições.


Houve quem optou por acampar mais em contato com a natureza.

Ainda falando em estrutura, os bares, caixas, chalés, tendas foram muito bem montadas, pois resistiram à chuva bravamente. Apenas a pista principal sucumbiu, pois a partir do penúltimo dia virou um mangue intransitável para quem ainda queria levar o calçado para casa, mas não vemos como um problema de organização, e sim um fato inevitável. Menção honrosa para a preocupação ecológica, visível nas bituqueiras espalhadas pelo ambiente e nos preços do bar, que davam desconto de R$1,00 para quem devolvesse a latinha.

Falando nisso, vale ressaltar os preços justos praticados. Cerveja a R$4,00, doses a R$7,00 e água a R$3,00 fica exatamente no ponto em que está pagável para o público e rentável para a organização. A alimentação também era em conta, com o prato-feito da R$15,00, sanduíches a R$5,00 e salgados que oscilavam entre R$3,00 e R$4,00, não entendi porque a diferença em diferentes momentos. Neste ponto, um grande elogio à barraca laranja que vendia comida sul-asiática, desde o pastel indiano samossa, até os pratos tailandeses vegetarianos. Posso estar sendo imparcial por ser apaixonado por esta cozinha, mas sem dúvidas trouxeram mais diversidade e sabor para o festival.

Para fechar o item estrutura, temos o estacionamento. O custo de R$40,00 para os quatro dias foi injustamente criticado. Além de ter sido dada a liberdade para deixar o carro onde quisesse, até mesmo ao lado do chalé, também estava liberada a entrada e saída do evento, para quem iria trabalhar na segunda-feira, ou então tivesse qualquer tipo de compromisso. Só para efeito de comparação, este foi o preço praticado pela Tribaltech, que teve 18 horas de duração, e é dois terços dos R$60,00 cobrados pelo Soul Vision, que possui a mesma duração do Tandava.

 

SOUND SYSTEM

Provavelmente o item mais positivo de todo o festival. O do mainstage foi um dos melhores sound systems que já vi em Curitiba, deu de 10 a 0 no da Tribaltech. Bem equalizado e com grande alcance, acabou sendo um dos maiores diferenciais para quem estava indo pela primeira vez. Em contrapartida, a pista alternativa ficou carente de graves, especialmente em momentos como a festa Step One, que dependia das frequências baixas para existir. Alguns criticaram o fato do som ter falhado em alguns momentos, mas se formos pensar que foram pouquíssimas vezes ao longo de 4 dias, é perdoável (sem contar que muitas vezes a culpa do som cair é do próprio DJ, que exagera no ganho).

 
O QG da nossa equipe.

CENOGRAFIA / ENTRETENIMENTO

Como não podia faltar em um festival, o trabalho de diversos artistas se fez presente. Apesar de mais uma vez o tempo ruim ter sido vilão, pudemos ver oficinas de filtro dos sonhos, malabares, entre outras coisas, além o trabalho da Arte Beta, que chamou bastante a atenção. Uma coisa que foi bastante presente e foi até nostálgico para quem frequenta mais festas comerciais do que festivais são os tais “brinquedinhos circenses”: malabares de fogo, flag, swing poi e afins.

 

ARTISTAS – PISTA PRINCIPAL

Bom, com cerca de 100 horas de festival, multiplicado por duas pistas, fica impossível analisar os artistas individualmente. Vale a pena chamar a atenção para a dupla da Alchemy Shane Gobi e Rinkadink e para Swarup, o Sr. Universo Parelello, que tocaram um full on sensacional, deixando boquiaberto até mesmo os que já haviam desacreditado da vertente nos últimos tempos. Na verdade esse efeito pode ser sentido em vários outros momentos em que os DJs locais de full on comandaram a pista, realmente é uma grande besteira falar que o psytrance está morto no país, na verdade ele só se recolheu ao lugar de onde veio. Reduzindo um pouco os BPMs, na linha de progressivo Sensient foi bastante elogiado (e ele também gostou muito do festival, tanto que adiou sua volta para casa para ficar um dia a mais em terras brasileiras), bem como Element, que tocou antes do australiano o seu característico set de prog, e todo o pessoal que tocou na primeira noite.


Rinkadink e Shane Gobi, as estrelas do festival.

Baixando ainda mais o pitch, vamos para as vertentes que costumam ser aglutinadas todas pelo termo “low bpm“. Os maiores destaques eram as festas da Tropical Beats e da Synk. A primeira foi uma grande decepção – difícil avaliar se foi o momento errado, se foi uma sequência muito longa ou se foi ruim mesmo, mas o fato é que com exceção de Flow & Zeo, nem mesmo as pessoas que gostam de techno e house se empolgaram com eles. A segunda, formada por velhos conhecidos nossos, infelizmente foi a maior prejudicada pelo tempo: depois de 4 dias de muito frio e chuva, o público já não estava mais com pique para mais um dia de festa – uma pena. Pescando os outros DJs do estilo que estavam espalhados pelo line, tivemos a estréia do live do Kultra, que pela sua linha mais introspectiva e melódica surpreendeu até mesmo as pessoas que odeiam techno, e também o set de Elijah Hatem, que foi um excelente set, mas infelizmente colocado em um momento errado (entre o progressivo e o full on).

Fechando a pista principal, ainda tivemos a noite do dark psy, sobre a qual nos absteremos de tecer comentários, pois ninguém da equipe aprecia o estilo e qualquer tipo de crítica aqui seria extremamente parcial. O fato é que para quem não gosta, é um tanto “torturante” ter que suportar horas a fio deste tipo de som. Seria bacana se fosse pensada em uma solução para tal.


Esta foto é de 24 horas antes da Synk assumir. Acredite, a lama estava MUITO pior na terça.

ARTISTAS – PISTA ALTERNATIVA

Apesar da falta dos graves, a pista alternativa esbanjou DJs de qualidade. O fato dela ser um pouco longe, somado à chuva (sim, de novo ela) afetaram a quantidade de pessoas neste ambiente, mas ainda assim as festas We Are The Night, Viva La Musique, Funk You e Step One fizeram bonito, arrancando elogios de quem assistiu. Destaque para a última delas, que é uma tentativa pioneira de emplacar dubstep em Curitiba e contou com o excelente set do nosso editor Gui Empke nela.

Pista alternativa.

Durante o dia a tenda recebeu DJs de chill out, ambient, lounge e afins, configurando um perfeito lugar de descanso, relaxamento e reflexão. Mais uma vez é difícil pontuar fulano ou ciclano que mandou bem, pois praticamente em todos os momentos o som que estava rolando lá era de qualidade. Alguns questionaram o fato de o chill out não ter um ambiente exclusivo, como é comum, mas devemos sempre lembrar que o Tandava é um festival pequeno e sem fins lucrativos. Três pistas talvez fosse um voo alto demais para a organização no momento, vamos pensar que ao menos houve chill out lá, tendo em vista que as festas comerciais não possuem já há uns 3 anos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O veredicto final é que foi um feriado memorável para todos nós, um festival excelente que, apesar de falhas pontuais, surpreendeu bastante pela estrutura e organização. Torcemos muito para que ele volte em 2012, corrigindo os erros e maior do que nunca. Nós, sem dúvida alguma, estaremos lá 😉

PS: Como nossa fotógrafa não pode comparecer, as fotos do post foram tiradas amadoramente, com exceção às que emprestamos do blog do Rodrigo Gomes e do Facebook da Arte Beta.

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